terça-feira, 20 de julho de 2010

Os distúrbios do sono e a sonolência excessiva estão entre os principais problemas enfrentados pelos motoristas profissionais

O Dia do Motorista, 25 de julho, é uma boa oportunidade para alertar estes profissionais sobre como identificar e tratar distúrbios do sono que causem sonolência excessiva para garantir segurança nas estradas e qualidade de vida. "É importante que fiquem atentos à necessidade de adotar hábitos mais saudáveis, bem como prevenir e tratar de seus problemas de saúde, gerados pela rotina estressante de trabalho - muitas vezes com uma jornada superior a 12 horas diárias", afirma Flávio Alóe, médico neurologista especializado em distúrbios do sono do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

"Entre todos estes males, acredito que um dos que mais afetam o dia a dia e a qualidade de vida dos motoristas são os distúrbios do sono, em função do desrespeito ao ritmo do organismo e do estresse gerado pela atividade", diz Alóe. Segundo ele, a sonolência excessiva causada pela privação de sono ou pela troca de turnos de descanso (dia pela noite) amplia os riscos de acidentes automotivos e ocupacionais por prejudicar a atenção, reflexos a memória e a capacidade de concentração, além de provocar irritabilidade.

No Brasil, desde fevereiro de 2010, o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN publicou a resolução 267, que estabelece que os motoristas profissionais devem fazer exames de qualidade de sono, com testes inclusive para identificar apneia, para renovar a Carteira Nacional de Habilitação - CNH. Para Alóe, esta medida já resulta da constatação de que os transtornos do sono afetam a qualidade de vida e são responsáveis por diversos acidentes. "Porém, infelizmente, não há dados recentes e confiáveis sobre ocorrências de trânsito e incidentes de trabalho, provocados por sonolência excessiva no País", completa o especialista.

Nos EUA, a National Highway Traffic Safety Administration (www.nhtsa.org), associação americana que regula a segurança de tráfego nas grandes rodovias, estima que ocorrem, anualmente, 100 mil acidentes relacionados com privação de sono, o que gera 1.550 mortes e 71 mil lesionados e prejuízos correspondentes a US$ 12,5 bilhões por ano. Em países da Europa, como Austrália, Finlândia e Inglaterra, entre outros, estima-se que a sonolência ao volante é responsável de 10 a 30% de todos os acidentes de carro nas estradas. Alóe acredita que o percentual de acidentes brasileiros também seja alto, porém muitos motoristas não identificam os distúrbios do sono, não procuram um especialista para se tratar ou se automedicam, postergando o diagnóstico e o tratamento, o que pode causar com o tempo o agravamento da doença.

De acordo com o neurologista, dirigir um veículo é uma tarefa cognitiva e perceptiva, complexa e dinâmica, o que torna fundamental que a pessoa apresente um nível adequado de vigilância que á a base da atenção, coordenação motora e tempo de reação coerente com as exigências da máquina e com as ocorrências da estrada. "Por isso, a sonolência e a privação de sono colaboram para aumentar de modo considerável os riscos de acidentes veiculares, pois reduzem o nível de vigílancia necessária para conduzir o veículo com segurança. Quanto mais intensa a sonolência, maior o risco de acidente, exigindo maior esforço consciente para permanecer alerta e maior o grau de desatenção e redução dos reflexos", ressalta o médico. Portanto, ao perceber sintomas significativos de sonolência, o motorista deve imediatamente interromper a condução do veículo para evitar a ocorrência iminente de um acidente.

"A sensação de sonolência é o marcador mais robusto e confiável de risco de vida para o motorista e para os outros usuários da via. Por esta razão, a percepção da intensidade do sono deve ser respeitada, bem como devem ser evitada a automedicação para manter-se acordado, pois a vida é mais importante que o cumprimento do prazo", alerta o médico.

O especialista ilustra a gravidade da sonolência afirmando que estudos comprovam que uma noite de sono não dormida produz déficits operacionais em motoristas profissionais semelhante ao gerado por um nível de alcoolemia de 0,10%, sendo que no Brasil a "Lei Seca" determina que o consumo máximo de álcool antes de assumir o volante é quase zero - 0,2 grama por litro de sangue.

Principais distúrbios do sono

· Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS): caracterizada pelo ronco (tradução sonora que indica diminuição do espaço da via aérea superior durante a passagem do ar) e repetidas obstruções da via aérea superior. A obstrução ocorre pelo fechamento completo (apneia), parcial (hipopneia), esforço respiratório ou limitação ao fluxo aéreo. Trata-se de uma doença grave, que pode surgir desde a infância até a terceira idade, mas tem incidência maior nos homens, na faixa etária de 35 a 65 anos. Os sintomas mais comuns são fragmentação do sono, sonolência diurna e cansaço, comprometimento da capacidade de concentração e da memória, bem como aumento da irritabilidade. Em alguns casos, mesmo tratando a apneia, o indivíduo ainda sente sonolência residual, que precisa ser tratada.

· Insônia: é o sono inadequado ou baixa qualidade devido a um ou mais fatores como dificuldade para iniciar o sono, acordar frequentemente durante a noite com dificuldade para voltar a dormir, acordar muito cedo pela manhã e sono não revitalizante. Quando ocorre só por uma única noite ou por poucas semanas é chamada de insônia transitória. Se os episódios ocorrerem de tempos em tempos é chamada intermitente, se tornando crônica quando ocorre na maioria das noites e por um mês ou mais. Afeta homens e mulheres de todas as idades, embora pareça ser mais comum nas mulheres (especialmente após a menopausa) e em pessoas com mais 60 anos de idade. Seus principais sintomas são falta de energia, dificuldade de concentração e irritabilidade.

· Transtorno do ritmo circadiano do sono associado ao trabalho em turnos: é um distúrbio do sono resultante do desajuste do ritmo do sono e da vigília (estado de alerta) do indivíduo com o ritmo ambiental (noite e dia), gerando prejuízo nas atividades sociais e de trabalho dos pacientes. Assim, no transtorno do ritmo circadiano associado ao trabalho em turnos, o ritmo biológico do indivíduo não é mesmo exigido pelo seu turno de trabalho devido a mudanças frequentes de turno ou trabalho no período em que o indivíduo normalmente estaria dormindo. A porcentagem da população afetada por este tipo de problema depende de vários fatores, mas costuma ser maior em cidades grande, onde há um grande de número de trabalhadores em turnos. Os pacientes apresentam queda de rendimento no trabalho e têm grandes possibilidades de que cometa erros em tomadas de decisão e sofra com úlceras gástricas, depressão, problemas na gravidez, problemas isquêmicos no coração e faltas no trabalho.

· Narcolepsia: é um distúrbio neurológico caracterizado por um estado de sonolência quase contínua e por crises incontroláveis de sono durante o dia, que deixam o paciente em perigo durante a realização de tarefas comuns, como dirigir, cozinhar, etc. A sonolência excessiva diurna pode prejudicar a atenção, a concentração e o humor, trazendo conseqüências individuais, sociais e econômicas graves. Por ser pouco conhecida, os pacientes muitas vezes não procuram tratamento médico e são tachados de preguiçosos e dorminhocos. Os pacientes sofrem também com baixa concentração de atenção; problemas de memória e sono noturno fragmentado com múltiplos despertares e pesadelos. Outros sintomas são: Cataplexia - perda reversível e súbita do tônus da musculatura voluntária, desencadeada por um estímulo emocional ou pela lembrança de uma situação emocionalmente saliente, como riso ou susto; Paralisia do sono - episódio breve no qual não se consegue realizar qualquer movimento voluntário, apesar de ter plena consciência o tempo todo; Alucinações hipnagógicas - geralmente acompanhadas por medo-terror.

Mais informações sobre o distúrbios do sono podem ser encontradas no site www.acordaparaoproblema.com.br, mantido pela Libbs Farmacêutica.
FONTE: Divulgação

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