quinta-feira, 16 de junho de 2011

Alto custo da logística para o agronegócio prejudica competitividade do setor

Embora seja uma preocupação relativamente recente para diversos segmentos do agronegócio, a logística deve provocar um impacto positivo na movimentação de cargas.
Mas para que isso aconteça, é necessária a adoção de algumas medidas como a diluição do valor dos custos fixos facilitados por economia de escala, eficiência nos processos, organização e integração das atividades.
As observações de José Vicente Caixeta Filho, diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, durante o 6º Encontro de Logística e Transportes da Fiesp nesta quarta-feira (15), revelaram que ainda existem gargalos a serem eliminados. "O déficit na armazenagem de cargas tem crescido nos últimos anos, há deficiência na capacidade instalada na propriedade. Mas há expectativa positiva quanto às novas estruturas", sinalizou Filho.
Para ele, "o dono da carga é o dono da logística", fator que dá maior poder de barganha dos embarcadores com os transportadores. O diretor aponta que são necessárias mais ferrovias, hidrovias e dutos, além da modernização do sistema portuário, o que aumenta a capacidade e eficiência e promove a competitividade.

Previsões

Mais do que isso, na visão de Luiz Antonio Fayet, consultor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), é fundamental identificar mercados quantitativos e qualitativos. "Entre cinco a dez anos, o Brasil será o maior fornecedor de alimentos para o mercado internacional", previu.

O País, cujo agronegócio é estratégico para o desenvolvimento mundial, acrescerá até 2020, cerca de 70 milhões de toneladas de alimentos exportados. As principais razões para esse desempenho, segundo o consultor, são o crescimento populacional e a melhoria do nível de renda.

Guerra da logística

Classificando como "grande problema", o consultor citou o apagão portuário como o segmento mais preocupante. Ele assegurou que as rodovias garantem esta movimentação, mas há limitações ao tráfego por conta dos altos pedágios e, no caso das ferrovias, é preciso rever os contratos de concessão.

Código Florestal

De 1990 a 2007, houve 125% de acréscimo de produção agrícola, que representa alto ganho de produtividade. Entretanto, Fayet garante: "Nosso grande estoque de terras para a produção não está sendo explorado. O setor pecuário não está incluso neste número, já que ocupa sozinho 200 milhões de hectares, e o setor de lavouras, 70 milhões".
Ele afirmou que metade da área destinada ao pastoreio está degradada e precisa de reestruturação. "É um estoque de terras para silvicultura e cana, no qual não é necessário derrubar nenhum pedaço de madeira para triplicar a produção brasileira. A discussão do Código Florestal brasileiro, que há 15 anos tramita no Congresso é um problema de interesses internacionais contra nossa terra", alertou.
Fayet chama a atenção para o fato de existirem, na Amazônia, aproximadamente 350 ONGs com financiamento externo para proteger cerca de 250 mil índios na região. "Em contrapartida, no Nordeste há quase 10 milhões de pessoas que sofrem com privações alimentares e inexistem ONGs na região com este intuito" pontuou.
O consultor citou que o deputado Aldo Rebelo, relator da reforma do Código Florestal, produziu um documento com informações e se dispôs a exaurir todas as dúvidas existentes, e foi boicotado ao ouvir de algumas personalidades que seria uma vergonha aprovar o projeto. "Não é uma vergonha, e sim uma questão de soberania da qual não podemos abrir mão", arrematou Fayet.

Consolidação

Fabiano Lorenzi, diretor comercial de Carga Geral da Companhia Vale do Rio Doce, apresentou alguns dados da empresa, que transporta de 42% da produção comercializada para o exterior. "Nossos investimentos previstos em infraestrutura apresentam grande foco no agronegócio", explicou.
Lorenzi revelou que 33% da receita de 2010 da Vale é proveniente da movimentação de cargas do agronegócio brasileiro. "Trinta e oito pátios no corredor sudeste visam a maior produtividade no escoamento de grãos e fertilizantes", afirmou o diretor.
FONTE: Fiesp - SP

Pré-sal deve dobrar demanda logística da Petrobras até 2017

O gerente geral da Petrobras, Ricardo Albuquerque Araujo, disse hoje que os serviços de transporte e logística da Petrobras entre plataformas e continente devem dobrar até 2017 por conta do pré-sal.
Segundo ele, hoje 85% do petróleo produzido pela Petrobras é extraído da Bacia de Campos. Para comparar como a produção aumentará, ele lembra que a produção em Campos é menor do que o potencial do pré-sal na Bacia de Santos.
'Hoje, transportamos 75 mil pessoas por mês entre plataformas e continente. Em 2017, vamos dobrar esse número e chegar a 1,4 milhão de pessoas', diz. Ele menciona também que o transporte de cargas da companhia também crescerá. 'Hoje, movimentamos cerca de 1,2 milhão de toneladas por ano e vamos atingir 2,2 milhões em 2017', diz.
Para ele, o aumento não trará impactos significativos ao sistema de transportes brasileiro. 'Nossa maior movimentação vai ocorrer no mar', diz. Regiões como o litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, no entanto, podem perceber 'algum tipo' de maior movimentação - ressalta, sem mencionar detalhes.
As declarações do gerente geral foram dadas hoje no 6º Encontro de Logística e Transportes 'Brasil: Sem Medo de Crescer', promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e realizado na capital paulista.
FONTE: Valor Econômico - SP

terça-feira, 14 de junho de 2011

Burocracia atrapalha fiscalização em rodovias

A transferência de responsabilida­­de na fiscalização de 3,4 mil quilômetros de rodovias para a Polícia Ro­­doviária Federal (PRF) ainda não foi totalmente concluída passados mais de dois anos da entrega dos trechos pela Polícia Rodoviária Es­­tadual (PRE).
A demora para firmar convênio com as concessionárias de pedágio, por exemplo, im­­pediu por vários meses que a PRF utilizasse a chamada verba de aparelhamento da polícia - taxa paga pe­­las empresas que é voltada à compra e manutenção de veículos e equipamentos para a corporação. Além disso, seis radares que eram operados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) não foram assumidos pela PRF até hoje em razão da burocracia e de questões técnicas.
"Houve dificuldade de adaptação na troca de responsabilidades", admite Amauri Medei­ros Cavalcanti, diretor-geral do departamento.
O dinheiro da taxa - R$ 285 mil mensais - é depositado em uma conta do DER por cinco das seis concessionárias do Anel de Integração. O único acerto datado de 2009 foi com a Ecovia. Outras três entraram em acordo com a PRF somente em dezembro de 2010. Já a Viapar fechou convênio em abril deste ano. E a Ecoca­ta­ratas ainda não chegou a um consenso devido a uma discussão judicial com o DER.
Conforme o contrato de concessão, os recursos não são transferidos diretamente ao governo ou à PRF. Os valores ficam em uma conta separada e necessitam de autorização do DER para o seu uso. A PRE ainda responde por alguns trechos do Anel de Integração e também tem direito à verba específica para esses pontos. O fato de os acordos demorarem não inviabilizaram o uso dos recursos, segundo a Associação Brasileira de Con­cessionárias de Rodovias (ABCR). "A verba continuou a ser provisionada em 2010, independente dos convênios", informou a ABCR em e-mail enviado à Gazeta do Povo.
Segundo a PRF, o dinheiro será usado efetivamente para a compra e manutenção de equipamentos, mas requer autorização do DER. A bu­­rocracia, no entanto, não é um mo­­tivo de preocupação da polícia, visto que, se houver justificativa, os recursos tendem a ser liberados. Segundo Cavalcanti, não há em­­pecilhos para liberar o re­­curso à po­­lícia. "Eles apresentam um plano de trabalho e existe uma aprovação por parte do DER. Nesse caso, a burocracia é menor", diz.
Radares - Já os seis radares, apesar de fundamentais para a fiscalização, continuam sem a operação da PRF. O pre­­sidente da Comissão de Trân­sito da OAB-PR, Marcelo Araújo, afirma que houve tempo suficiente para firmar um convênio que viabilizasse o uso dos equipamentos, embora não se trate de processo simples. "Não é possível simples­­mente repassar os contratos [de radares], porque envolvem questões administrativas e econômicas", diz.
Na última semana, houve uma reunião entre as partes para discutir a possibilidade de usar os equipamentos. De acordo com a PRF, o problema para religar os radares está nas questões técnicas. Existem vários pontos aptos a receber os instrumentos nas rodovias. Con­­tudo, há dificuldade de adequação dos sistemas. Enquanto a corporação usa radares estáticos com um tipo de sistema, os equipamentos antigos são fixos e implicam em outro tipo de manutenção, operação e tecnologia. Por isso, há o estudo atual em conjunto, com a possibilidade de retomar o uso dos antigos instrumentos.
Polícia Rodoviária Federal tem déficit de 4 mil homens - Além de a burocracia dificultar a transferência de recursos e funcionamento de radares, a fiscalização nas estradas federais do estado - e de todo o Brasil - sofre com a falta de efetivo. Hoje, em todo o país, existem 13 mil vagas para policiais rodoviários federais. Contudo, a corporação conta com 9 mil homens para fazer a segurança das vias em todo o território nacional.
Existe uma diretriz do Minis­tério da Justiça favorável à PRF, tratando da recomposição dessas 4 mil vagas com base em concursos, diz a assessoria de imprensa da polícia. Para diminuir o déficit, pessoas que ficaram na espera de concursos anteriores estão sendo chamadas (somente nessa semana, o Paraná recebeu 20 novos policiais) e há a previsão de liberação de um concurso parado na Justiça desde 2009. "O Paraná apresenta os melhores resultados operacionais do Brasil, tendo destaque em número de autuações, de prisões, por alcoolemia, de veículos e pessoas fiscalizados", in­­forma a assessoria de imprensa da PRF.
A polícia defende que, mesmo com a falta de efetivo, a fiscalização (não só de trânsito) é uma prioridade em razão da localização do estado, conhecido como ponto de entrada de drogas e armas em razão da tríplice fronteira.
Velocidade - Desacordo afeta controle também na Linha Verde. Os 15 radares instalados na Linha Verde não estão flagrando excesso de velocidade. A proibição também se deve a um impasse burocrático, nesse caso no convênio de delegação do poder de fiscalização entre a prefeitura de Curitiba e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em dezembro de 2008, as duas partes firmaram convênio para que o município também vigiasse a via, porém havia impedimento sobre o excesso de velocidade.
Mesmo com a restrição expressa do convênio, a Urbs, responsável pelo gerenciamento do trânsito na capital, aplicou 3 mil multas a motoristas "apressadinhos" entre julho e setembro de 2010. Por meio da Promotoria de Defesa dos Direitos Constitucionais, o Ministério Público Estadual abriu procedimento para investigar a conduta da Urbs. As punições podem ser consideradas inválidas, mas todos os condutores que se sentirem prejudicados deverão procurar seus direitos individualmente em busca da anulação.
Apesar disso, a Linha Verde, uma das vias mais movimentadas de Curitiba e ligação direta com as cidades localizadas no sul da região metropolitana, como Fazenda Rio Grande e Mandirituba, não está à deriva. Um número não divulgado de radares estáticos da PRF faz a vigilância do local.
FONTE: Gazeta do Povo - PR

Falta de planejamento em transporte e logística custa caro ao Brasil

Apesar da perspectiva de crescimento econômico para a próxima década, Brasil deve enfrentar várias barreiras para garantir os resultados no ritmo necessário. Entre os obstáculos estão os já conhecidos componentes do alto Custo Brasil - como a alta carga tributária e burocracia- que tornam os produtos e serviços brasileiros mais caros, desestimulam investimentos e freia o crescimento interno.
Com dimensões continentais e um agronegócio pujante, o País ainda registra grande disparidade entre as modalidades de transporte em suas regiões e perde por não haver integração logística entre seus estados.
Como essa questão irá impactar o futuro do País e quais as soluções possíveis serão o foco dos debates no 6º Encontro de Logística e Transporte "Brasil Sem Medo de Crescer", promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, nos próximos dias 13 e 14 de junho, em São Paulo.
Alto Custo Logístico. De acordo com estudo do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), o total de custos logísticos no Brasil, em 2008, chegou a R$ 334,07 bilhões (11,6% do PIB).
A utilização integrada dos modais pode diminuir significativamente os custos para as empresas e para o País. Mas, para isso se tornar realidade é necessário um planejamento e melhorias da infraestrutura de transportes (atualmente intensificada em rodovias), além da simplificação dos processos e tributos.
O trajeto de uma mercadoria de Camaçari/BA para São José dos Campos/SP, por exemplo, resulta, atualmente, no recolhimento do Imposto de Circulação Mercadoria e Serviços (ICMS) por três vezes. Com a instituição do Transporte Multimodal de Cargas, o imposto poderia ser recolhido apenas uma vez e na origem. Essa simplificação só poderá ser viabilizada com uma revisão tributária.
O vice-presidente executivo do SINDIPESA falará no referido encontro sobre os entraves para o transporte de cargas de projeto.
FONTE: Fiesp