segunda-feira, 14 de maio de 2012

Valorizando o motorista

Empresas do setor de transportes investem em iniciativas de reconhecimento e desenvolvimento de motoristas contratados para tornar o ambiente de trabalho mais agradável, melhorar a qualidade de vida e incentivá-los a se empenhar mais na conquista de suas metas dentro da transportadora Texto Iara Aurora Maiores salários, cursos de aprimoramento profissional e folgas semanais para ficar com família. Esses são apenas alguns dos desejos listados por carreteiros ao serem questionados sobre quais atitudes uma empresa pode tomar para valorizar o quadro de motoristas contratados. "As empresas poderiam melhorar o nosso salário, investir em treinamentos para nos capacitar e nos instruir a respeito das novas tecnologias embarcadas; oferecer assistência médica e odontológica que funcione - e extensiva aos nossos familiares", afirma João Evaldo, carreteiro de 51 anos de idade e há 24 na profissão. Evaldo diz também ser necessário a aplicação de uma jornada diária de trabalho menos intensa, ou "mais justa e humana", como ele próprio define, além da inclusão do pagamento de horas extras sempre quando solicitado ao motorista o cumprimento de viagens fora do horário de trabalho acordado. É necessário jornada diária menos intensa, mais justa e humana, e pagamento de horas extras para viagens fora de horário, sugere o carreteiro João Evaldo Edson Souza, ex-autônomo e profissional contratado há mais de 15 anos, entende muito bem a insatisfação do colega João. "O salário está muito defasado, por isso o primeiro passo para mudar essa situação é aumentar o piso, depois gostaria que tivéssemos descansos de três ou quatro dias para podermos ficar com nossas famílias", diz Edson. Segundo o Sindicargas (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários de Cargas Secas e Molhadas, Empresas de Logística no Ramo de Transporte de Cargas de São Paulo e Itapecerica da Serra) o piso salarial de um motorista carreteiro hoje é de R$ 1.262,21. Para Souza, se a situação não mudar, o desinteresse pela profissão tende a aumentar com o passar dos anos. "Vejo por aí muitos amigos que preferem ficar com o caminhão parado a trabalhar", reforça o carreteiro. O salário está muito defasado e o primeiro passo para mudar essa situação é aumentar o piso e podermos ficar mais com nossa família, diz Edson de Souza Atualmente, o setor de transporte rodoviário de cargas sofre com a falta de 120 mil motoristas no mercado, segundo pesquisa divulgada no ano passado pela NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística). O desinteresse dos jovens pela profissão e a exigência das empresas por condutores preparados, especializados e qualificados para dominar as tecnologias inclusas nos novos caminhões são os grandes motivos da carência. Investir em colaboradores é retorno garantido na hora de conquistar as metas estabelecidas, afirma Marcio Bezerra, gerente de RH de empresa de transportes Conscientes disso, companhias têm praticado ações, programas e encontros para valorizar seus motoristas, oferecendo cursos, planos de carreira e premiações. A Transportadora Americana (TA) é uma delas. De acordo com Márcio Bezerra, gerente de RH da empresa, o investimento em colaboradores é retorno garantido na hora de conquistar as metas estabelecidas. "Acreditamos que uma gestão participativa, contribui para o fortalecimento da relação empresa X colaborador e para um ambiente inovador", explica Bezerra. Empregado, o carreteiro Luiz Ghiraldi se diz realizado com o trabalho que executa e com as oportunidades que a transportadora lhe proporciona De acordo com o executivo, as iniciativas promovidas pela TA visam desenvolvimento profissional do motorista, retenção do funcionário na empresa, prevenção de acidentes nas estradas e incentivo pela frequência no trabalho e por apresentação de bons resultados. "Grande parte de nossos profissionais iniciou suas atividades na empresa em cargos operacionais e hoje participam das decisões estratégicas da transportadora. Nossos motoristas são treinados periodicamente por uma equipe especializada de monitores e instrutores. No mesmo intuito, temos o programa ValeR (Valorização e Reconhecimento) que possibilita ascensão de carreira desde sua admissão", reforça o gerente. Gustavo Brasil, diretor de RH da Braspress, fala do trabalho realizado pela empresa para ajudar o funcionário a melhorar a condição profissional Colaborador da TA há 36 anos, Osvaldo Luís Ghiraldi se diz realizado tanto com o trabalho que desenvolve quanto com as oportunidades que a empresa lhe proporciona. "Comecei como ajudante, em 1976, após três meses passei a motorista de Kombi e fazia entregas na cidade de Americana e Piracicaba. Fui sendo promovido a medida que dirigia outros veículos e, em pouco tempo, cheguei a motorista carreteiro. Tive oportunidade de viajar e conhecer várias cidades, em vários Estados. Hoje sou carreteiro, é o que todos almejam um dia, por isso me sinto realizado", conta Ghiraldi Maria das Graças Mendonça aproveitou as oportunidades oferecidas pela empresa e se tornou motorista, com registro em carteira e benefícios trabalhistas Além dos cursos e treinamentos, a TA disponibiliza exames médicos periódicos a funcionários com mais de 40 anos de idade, além de dormitórios para descanso do motorista instalados em todas as filiais do País. São também realizados encontros com as esposas dos motoristas, a fim de orientá-las sobre uma alimentação mais adequada a vida do motorista em casa. A empresa reconhece ainda os melhores profissionais do setor através dos programas Motorista Destaque e Motorista Nota 10, iniciativas que avaliam o colaborador pelos índices de acidentes, tacógrafo, e outros requisitos. Quem tem vontade de aprender e crescer no trabalho deve sempre demonstrar interesse e ter iniciativa, opina o motorista Paulo Nonato A Braspress, companhia de encomendas urgentes, também está no time das que buscam valorizar os motoristas contratados. Segundo Gustavo Brasil, diretor de RH da empresa, assim que entra para o quadro de funcionários, o colaborador passa a ser avaliado e recebe um direcionamento sobre quais funções na transportadora se encaixam melhor ao seu perfil profissional. "Buscamos identificar os requisitos e competências necessários ao desempenho das funções específicas de cada cargo, e assim direcionar a formação dos colaboradores", diz. Esse processo de encaminhamento ocorre de duas maneiras, a primeira definida como "espontânea", usada quando o próprio colaborador tem a iniciativa de um autodesenvolvimento, já a segunda chamada de "forçado", quando a empresa identifica um alto potencial no funcionário e passa a investir em sua preparação para novas posições e responsabilidades, acrescenta Brasil. Paulo Nonato, motorista da transportadora desde 2005, reforça a fala do diretor de RH. "Quem tem vontade em aprender e subir no trabalho deve sempre demonstrar interesse. A empresa dá oportunidades, mas é preciso ter iniciativa" diz. Ele começou como ajudante de tráfego e, em outubro de 2011, foi promovido para motorista rodoviário. Para a ex-manicure Maria das Graças Mendonça e motorista da Braspress há pouco mais de três anos, além de uma dar oportunidade para novos motoristas a empresa oferece estabilidade profissional. "Na minha antiga função não era registrada e nem recebia benefícios, aqui tenho registro, vale refeição e vale transporte, sem contar que trabalho na profissão que sempre sonhei em seguir", diz Maria. Dentre as ações destinadas aos motoristas, a Braspress promove um programa de reciclagem para tratar questões ligadas à condução do veículo, qualidade de vida, segurança no trânsito, meio ambiente, relacionamento interpessoal, apresentação pessoal e prevenção ao roubo de cargas, entre outros assuntos. Exames médicos periódicos, kits para uma alimentação balanceada e adequada a condição de trabalho, e troca da frota de caminhões a cada 2,5 anos também fazem parte das iniciativas da empresa. "Na medida em que oferecemos equipamentos novos aos nossos motoristas aumentamos o conforto no horário de trabalho e a segurança nas estradas" conclui Gustavo Brasil A TNT Express também disponibiliza meios para atualizar o motorista profissional. "Há falta de motoristas no mercado, por isso procuramos formar, treinar e reter os talentos na empresa", diz Luiz Fernando Simabukulo, gerente de marketing e customer service da companhia. Conforme diz, a capacitação profissional é uma das principais diretrizes que se pode adotar para valorizar o quadro de funcionários da transportadora. A empresa oferece aos seus funcionários a revista Direção Certa, publicação com conteúdo exclusivo dedicado a motoristas de caminhão. A Júlio Simões Logística (JSL), por sua vez, diz incentivar os motoristas da a trocarem a categoria da CNH. Com auxílio nos custos desembolsados durante o processo. O objetivo da iniciativa é contribuir para a evolução da carreira dos profissionais na medida em que são preparados para conduzir veículos maiores e mais pesados. Outros pontos destacados pela empresa são o oferecimento das vagas que surgem primeiramente aos profissionais da casa antes de serem divulgadas ao mercado; o Programa de Valorização da Família, que apóia a indicação de familiares para trabalhar na empresa, e campanhas de alerta direcionadas aos motoristas sobre cuidados pessoais, de saúde e alimentação. Incentivos como premiações por cumprimento de prazos de entrega e redução do consumo de combustível, além do programa de participação nos resultados (PLR) também estão na lista de benefícios da JSL. FONTE: Revista O Carreteiro

Fundo de logísticas terá R$ 900 milhões

A BRZ investimentos, gestora que nasceu da GP investments, quer captar até R$ 900 milhões para fundo de private equity com foco em empresas de logísticas. Batizado do Brasil Porto & Ativos Logísticos, o fundo de investimentos em participações (FIP) vai alocar recursos na Logz Logística Brasil, que administra ativos no setor que incluem terminais portuários em Itapoã e São Francisco do Sul, em Santa Catarina. O fundo terá duração de oito anos, segundo o comunicado. FONTE: Brasil Econômico - SP