sábado, 28 de maio de 2011

Mercado agrícola global em desequilíbrio ajuda Brasil

A conjuntura global que combina estoques de produtos agrícolas em níveis historicamente baixos e um consumo crescente, especialmente de países emergentes, deverá prosseguir nos próximos anos, beneficiando o Brasil, tido como um dos países com maior potencial de elevar a produção no mundo, afirmou um respeitado analista.
"Vivemos um mercado em desequilíbrio... Os produtos agrícolas tipicamente têm comportamentos cíclicos nos seus preços por choques de oferta recorrentes associados a problemas climáticos... Mas o que temos agora é a presença em conjunto de um choque de oferta com um choque de demanda", afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessôa, durante palestra no evento Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012.
O analista lembrou que os estoques globais dos principais grãos, como soja, milho e trigo, representam hoje somente 20 por cento da necessidade de consumo no ano seguinte, um nível baixo só registrado na década de 70, antes da chamada Revolução Verde de produtividade, que elevou posteriormente as reservas globais.
Ele ponderou que o atual ritmo de crescimento da produtividade, entretanto, não está sendo capaz de atender ao aumento do consumo, situação que provavelmente perdurará nos próximos anos, deixando os preços em patamares estimulantes para o agronegócio do país.
"Estamos diante de um choque de demanda, e nada leva a crer que na próxima década isso vai ser diferente", declarou Pessôa, ressaltando que a cada 12 anos a população mundial cresce em 1 bilhão de pessoas.
Além disso, o choque de demanda está associado à urbanização da população, que assim muda seus hábitos de consumo. Essa situação ocorre em especial na China, destacou o analista, lembrando que o país asiático se tornou dependente de produtores de soja como o Brasil para garantir a segurança alimentar de sua população.
A China é o maior produtor de carne suína do mundo, com produção de mais de 50 milhões de toneladas, e o farelo de soja vem sendo cada vez mais utilizado como componente da ração naquele país, que tem modernizado sua indústria.
"Eles passaram a ser dependentes (da soja), algo que não queriam, isso traz oportunidades para países como o Brasil."

MAIOR ÁREA NECESSÁRIA

O analista observou ainda que, considerando que a produtividade de soja está em patamares elevados dentro do que a tecnologia atual permite, o Brasil precisará aumentar a sua área plantada.
"A biotecnologia é uma ferramenta importante, mas não vamos poder prescindir de mais área plantada pra tentar reequilibrar os mercados internacionais," disse, lembrando que o plantio de soja precisaria aumentar dos atuais 24 milhões de hectares para cerca de 30 milhões de hectares, no mínimo, para fazer frente à demanda global.
"É ingênuo achar que a gente poderá prescindir de continuar abrindo o cerrado no Piauí, Maranhão, Bahia...," afirmou ele, saudando a aprovação do Código Florestal na Câmara, um primeiro passo para dar mais segurança jurídica aos agricultores.
Considerando as condições de mercado atuais, Pessôa observou que o até hoje atípico entusiasmo vivenciado pelo setor agrícola em 2011 poderá ser algo bastante comum nos próximos anos.
O Brasil, perto de outros grandes produtores agrícolas, como Estados Unidos e China, ainda produz relativamente pouco, adicionou o analista, lembrando que a produção brasileira de grãos está na casa de 160 milhões de toneladas, enquanto chineses e norte-americanos produzem 600 e 500 milhões de toneladas, respectivamente.
"Nós estamos no negócio certo, este é o melhor lugar para estar nesse negócio e parece que estamos nesse negócio na hora certa", afirmou.
FONTE: Reuters

Americanas.com proibida de fazer novas vendas no Rio

A Americanas.com ficará impedida de realizar novas vendas no Estado do Rio até que regularize todas as entregas atrasadas. O pedido do Ministério Público do Estado do Rio foi acolhido nesta quarta-feira pela desembargadora Helda Lima Meireles, da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, e passará a valer assim que a empresa for intimada oficialmente. A multa fixada pelo TJ, caso a decisão seja descumprida, é de R$ 20 mil.
- A decisão estimula investimento para uma mudança de prática, para que passem a vender quando tenham condição de cumprir. O que parece é que o volume de vendas na internet cresceu muito e as empresas estão vendendo mesmo sabendoque não têm condição de entregar - diz o promotor Júlio Machado, titular da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Capital.
A coluna Defesa do Consumidor, do GLOBO, registra atualmente mais de 500 reclamações contra a Americanas.com, por atraso de entrega.
Machado deu entrada numa ação civil pública contra a Americanas.com em janeiro, depois de uma enxurrada de reclamações sobre atrasos de entrega no fim do ano. A primeira liminar, obtida pelo Ministério Público, obriga o estabelecimento de prazo preciso para a entrega e que o consumidor seja informado sobre essa data apenas fornecendo seu CEP.
O pedido foi feito, explica o promotor, porque o site estava obrigando o consumidor a fazer um cadastro prévio de compra para saber o prazo de entrega. Quem tiver problemas com entrega pode encaminhar queixa ao MP que será integrada à ação. A decisão estabelece ainda multa de R$ 500 por cada violação. O valor é direcionado ao Fundo de Direitos Difusos, cujos recursos são aplicados em projetos ambientais, educacionais e outros de interesse da sociedade.
- Vários sites de venda, principalmente no fim do ano, não conseguiram cumprir o prazo de entrega prometido. Isso virou uma bola de neve. E levou à Americanas.com ao topo da lista de mais reclamadas em vários sites e também no MP. Só em um deles há cerca de 30 mil queixas - diz o promotor.
Consultada, a Americanas.com diz que não comenta processos em andamento.
FONTE: O Globo - RJ

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Gigantes do varejo também na internet

Depois de quase uma década sem contar com uma presença relevante na web, as maiores varejistas do país finalmente decidem investir no comércio eletrônico - e descobrem que, na rede, a lógica de consumo é bem diferente daquela do mundo "real"
Uma enorme contradição regia até há pouco tempo o varejo brasileiro. Os três primeiros colocados - Grupo Pão de Açúcar, um colosso com 36 bilhões de reais em faturamento, seguido por Carrefour e Walmart, com receitas de 29 bilhões e 22 bilhões de reais, respectivamente - tinham uma presença tímida no comércio eletrônico.
A inércia permitiu que companhias como a B2W, dona dos sites Submarino e Americanas.com, nadassem de braçada no varejo virtual. A situação começou a mudar do ano passado para cá. Segundo dados da consultoria e-bit, o comércio eletrônico cresceu 40% no Brasil em 2010, chegando a quase 15 bilhões de reais em faturamento.
Nesse período, o tíquete médio aumentou 11% - ou seja, os brasileiros não somente estão comprando mais pela rede como também passaram a comprar produtos mais caros. A maior novidade nesse movimento, porém, é que são justamente as grandes redes offline que melhor estão aproveitando o crescimento.
Estima-se que as dez maiores redes de varejo do país tenham encerrado 2010 com um faturamento "virtual" de 4,6 bilhões de reais, ou 31% de todo o e-commerce brasileiro - há três anos, esse número não passava de 2,5 bilhões de reais. "As operações online vão se tornar cada vez mais importantes para o resultado das grandes varejistas", diz Alessandro Gil, sócio da consultoria Ikeda, especializada em comércio eletrônico.
Poucas empresas investiram tanto para aumentar sua presença na web quanto o Pão de Açúcar. Para dar mais musculatura ao site Nova Pontocom, que reúne as operações online das redes Extra, Ponto Frio e Casas Bahia, o grupo investiu 28 milhões de reais desde 2008.
A maior parte desse dinheiro serviu para unificar seus sete centros de distribuição - a medida permitiu que as três bandeiras tivessem acesso a uma quantidade maior de mercadorias e reduziu o tempo de entrega aos consumidores.
Para atrair os internautas, os três sites passaram a contar com chats ao vivo para fazer esclarecimentos sobre produtos e formas de pagamento, numa clara tentativa de simular o atendimento das lojas offline.
Gigantes do varejo também na internet
Depois de quase uma década sem contar com uma presença relevante na web, as maiores varejistas do país finalmente decidem investir no comércio eletrônico - e descobrem que, na rede, a lógica de consumo é bem diferente daquela do mundo "real"
"Precisamos trazer para a internet a mesma confiança que nossas marcas têm no mundo 'real' ", diz German Queiroga, presidente da Nova Pontocom.
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Ao longo do ano passado, as visitas aos sites aumentaram 51%, alcançando mais de 14 milhões de visitantes por mês, e o faturamento cresceu 70%, somando 2,7 bilhões de reais - o equivalente a 7,5% das receitas de todo o grupo. Com esse desempenho, a Nova Pontocom chegou à vice-liderança do varejo online no país, atrás apenas da B2W.
Ter uma marca estabelecida no varejo tradicional ajuda na hora de montar uma operação online, mas não é tudo. Um dos maiores desafios enfrentados pelas grandes varejistas é entender como se comporta um cliente virtual. Antes de inaugurar uma loja física, uma rede consegue fazer estimativas de quantas pessoas circularão por ali e quanto desse movimento será convertido em vendas.
Na internet, o tiro é dado no escuro. Segundo dados de uma recente pesquisa realizada pela consultoria Forrester Research em parceria com a IBM, 22% dos internautas trocam de loja antes mesmo de finalizar uma compra pela web.
"Explorar na internet o poder de marcas já consagradas no meio offline nunca foi tão importante", diz Pedro Guasti, diretor-geral do e-bit. "O que torna esse momento crucial para as líderes do setor."
Alguns varejistas tradicionais foram recentemente tomados por esse "senso de urgência". Foi o que aconteceu, por exemplo, com a gaúcha Renner. Até novembro de 2009 a empresa não vendia sequer um par de meias pela internet.
Foi só no final daquele ano que a Renner fez sua estreia no e-commerce, numa iniciativa ainda limitada à venda de três categorias de produto: moda íntima, relógios e perfumaria.
Quase um ano depois, a Renner decidiu surfar para valer a onda do varejo online. Em outubro de 2010, investiu 5 milhões de reais na reformulação do site e lançou a campanha "Uma Renner que nunca fecha".
Desde então, praticamente todos os 20 000 itens disponíveis nas lojas físicas passaram a ser oferecidos na web. Um estúdio fotográfico foi montado para cuidar da troca diária das vitrines virtuais, simulando o que ocorre nas lojas.
Além disso, cada uma das 136 unidades da rede no país foram preparadas para funcionar como ponto de troca de mercadorias. Com as mudanças, o novo site passou a contar com cerca de 50 000 visitantes diários, um volume 70% maior que o antigo.
O aumento no tráfego teve reflexo direto nas vendas. O percentual de visitantes que realizam ao menos uma compra no site mais que dobrou, alcançando 1,7%.
Para dar conta dessa nova demanda, a Renner alugou, em outubro, um centro de distribuição com capacidade para armazenar 250 000 itens na cidade de Embu, na Grande São Paulo.
A ideia é que, até o final deste ano, a operação de e-commerce corresponda a 3% do faturamento total da companhia, quantia equivalente à de uma loja de altíssimo desempenho.
O avanço das redes tradicionais no universo digital não é exclusividade do mercado brasileiro. O Walmart, maior varejista do mundo, vem testando em 2 500 de suas unidades nos Estados Unidos um novo conceito, batizado de Pick up Today, que permite ao consumidor retirar nas lojas físicas as mercadorias compradas pela internet.
Se for bem-sucedida, a experiência deve chegar ao Brasil em breve. "O futuro do comércio eletrônico está na integração dos canais", diz Flávio Dias, diretor de e-commerce do Walmart no Brasil. A solução encontrada pelo Walmart pode ajudar a resolver um dos maiores obstáculos das empresas que atuam no varejo virtual: o gargalo logístico.
No Brasil, segundo o Instituto de Logística e Supply Chain, 91% das varejistas terceirizam serviços de transporte - nos Estados Unidos, a taxa é de 77%. Com o avanço recente do e-commerce, faltam hoje no país operadores logísticos qualificados.
A Total Express, por exemplo, responsável por cerca de 20% das entregas de comércio eletrônico no país, teve de investir mais de 7 milhões de reais em 2010 para comprar caminhões, equipamentos e modernizar seus sistemas de TI.
Como a expansão das vendas online deve continuar acelerada, as concorrentes da Total Express precisam fazer movimentos semelhantes se não quiserem perder terreno.
FONTE: Portal Exame

Porto de Paranaguá terá plano para disciplinar acesso de caminhões

A Secretaria de Infraestrutura e Logística, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a prefeitura de Paranaguá e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) vão elaborar um plano integrado para disciplinar o acesso de caminhões ao porto de Paranaguá.
O objetivo é contribuir para a melhoria da produtividade do setor de transporte, dar melhor condição de trabalho aos motoristas e garantir a segurança da população. Atualmente, 70% dos grãos que chegam a Paranaguá são transportados por caminhão.
O assunto foi discutido nesta segunda-feira, em Curitiba, durante reunião entre o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, o superintendente Regional do DNIT, José da Silva Tiago; o diretor-geral da Secretaria de Infraestrutura, Aldair Wanderlei Petry; e o superintendente em exercício da Appa, Lourenço Fregonese, acompanhado do diretor-financeiro, Carlos Roberto Frisoli, do diretor-técnico. Paulinho Dalmaz. e do procurador Maurício Sá Ferrante. Também participou do encontro o deputado federal Alex Canziani.
"O acesso de caminhões ao Porto de Paranaguá precisa ser disciplinado para que todo o setor de transportes ganhe produtividade na chegada ao terminal marítimo e o tráfego urbano da cidade não seja prejudicado, afetando o dia a dia dos moradores e o turismo histórico na cidade", disse Richa Filho. Segundo ele, a intenção é apresentar o plano em Brasília no mês que vem.
De acordo com o secretário, encontrar uma solução adequada para os 1.800 caminhões/dia que levam grãos até o porto no pico da safra e adequar a circulação dos veículos pesados ao sistema viário municipal são fundamentais para a economia do estado e do município, com ganhos positivos à logística.
"Para que isto aconteça já na próxima safra, é preciso definir as metas, projetos e obras nos três níveis de governo, sem esquecer que fora da safra circulam pela cidade 400 caminhões/dia", afirmou o secretário.
FONTE: A Tribuna - Santos