quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dilma demite mais seis dos Transportes e mira superintendências

O governo começou a dar sinais de que pretende se antecipar às denúncias diárias que rodeiam a cúpula dos Transportes. Ontem, mais seis pessoas envolvidas com os escândalos do Ministério dos Transportes foram exoneradas. O corte foi assinado pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro dos Transportes, Paulo Passos.
Entre as exonerações estão os servidores Estevam Pedrosa, subsecretário de assuntos administrativos; Mauro Sérgio Almeida Fatureto, coordenador-geral de administração geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); e Luiz Claudio dos Santos Varejão, coordenador-Geral de operações rodoviárias do Dnit, dispensas que, segundo o governo, já resultam do pente-fino e da reestruturação cobrada pela presidente Dilma Rousseff. Dessa forma, o governo pretende se antecipar às denúncias que têm sido expostas diariamente pela imprensa, em vez de apenas reagir à divulgação de um novo escândalo.
O próximo passo deverá atingir em cheio as superintendências do Dnit, uma área cinzenta e repleta de interesses que, de longe, extrapolam a mera execução de obras.
Desde que a cúpula dos Transportes mergulhou na crise, lideranças do PR têm insistido que a Pasta não é loteada politicamente e que essa postura também vale para o Dnit, responsável por toda a logística do país. Em audiências no Congresso, o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, que oficialmente está em férias, afirmou que "o Dnit não é um feudo do PR" e que as nomeações são técnicos. Não é o que demonstram as nomeações das superintendências regionais da autarquia.
Levantamento feito pelo Valor aponta que, das 27 diretorias regionais do Dnit, distribuídas pelos 26 Estados do país mais o Distrito Federal, pelo menos 16 estão umbilicalmente ligadas às lideranças do PR (veja quadro). Nos Estados de Alagoas, Amazonas, Roraima, Mato Grosso do Sul, Pará, Amapá, São Paulo, Sergipe, Goiás e no Distrito Federal, a liderança está nas mãos de pessoas oficialmente filiadas ao partido. Nos Estados de Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco e Tocantins, o comando é feito por servidores não filiados ao PR, mas indicados por líderes do partido.
Entre os mais recentes integrantes do Partido da República está o superintendente do Dnit no Pará e Amapá, João Claudio Cordeiro da Silva Júnior. Servidor de carreira do extinto DNER, Silva Júnior assumiu o comando regional da autarquia apenas três dias depois de ter se filiado ao PR, em 5 de abril deste ano.
Ontem, Paulo Passos passou o dia reunido com técnicos no ministério para esmiuçar os grandes contratos do Dnit nos Estados, principalmente aqueles listados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na linha de frente do governo estão superintendências como a do Mato Grosso, coordenada por Nilton de Britto, suspeito de tráfico de influência envolvendo benefícios para a empreiteira de seu irmão, Milton de Brito, conforme denúncia publicada ontem pela "Folha de S.Paulo".
A regional do Dnit no Paraná também é alvo de uma análise cirúrgica pelo governo. Liderada por José da Silva Tiago, amigo de Luiz Antônio Pagot, a superintendência é alvo de suspeitas de irregularidades em obras rodoviárias na cidade de Maringá. Em Santa Catarina, regional que está sob o comando do petista João José dos Santos, também são analisadas suspeitas de fraude em licitações para duplicação da BR-280.
No quartel general do Dnit, em Brasília, é esperada ainda a exoneração do diretor de infraestrutura rodoviária do Dnit, Hideraldo Caron, que é ligado ao PT. O presidente interino da Valec, Felipe Sanches, também está cotado para ser afastado.
Com tanta gente saindo, o governo tem suado a camisa para tentar repor os cargos. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff havia indicado o nome do contador e administrador Augusto César Carvalho Barbosa de Souza para assumir a diretoria de administração e finanças do Dnit. Nesta segunda-feira, voltou atrás e pediu ao Senado a retirada de pauta do nome de Souza.
A oposição apresentou ontem um requerimento em que solicita a convocação do ministro dos Transportes para que preste esclarecimentos sobre o número de contratos aditivos realizados em sua gestão na Pasta em 2010 e também sobre o volume de recursos autorizados durante o mesmo período.
Em outro documento, o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP) convida Frederico Dias, um assessor do Dnit que, de acordo com as acusações, despachava com políticos a liberações de obras. O deputado tucano protocolou ainda na Procuradoria Geral da República um aditamento para que também sejam investigados Gustavo Pereira, filho do ex-ministro Alfredo Nascimento; Hideraldo Caron, José Henrique Sadok, Antonio Felipe Sanches Costa. (Colaborou Caio Junqueira, de Brasília)
FONTE: Valor Econômico

A burocracia deve ser o grande entrave para o crescimento das empresas brasileiras em 2011

De acordo com o International Business Report (IBR) 2011 da Grant Thornton, excessivas regulações e a burocracia são os principais fatores que deve limitar a capacidade de crescer e expandir os negócios das empresas brasileiras este ano (50%). O resultado está bem acima da média global de 31%. De 39 economias participantes, o Brasil está atrás apenas da Grécia (57%) e Polônia (52%).
A Índia (+21 pp) e o Brasil (+13 pp) foram os países onde a preocupação com a burocracia mais cresceu com relação à pesquisa IBR 2010. Na contramão, as maiores quedas nesse quesito ocorreram na Armênia (-20pp) e Chile (-19pp). Na China, para os empresários a burocracia é o um dos fatores que menos deve atravancar o crescimento das empresas (26%). A falta de mão de obra qualificada (41%) e a redução de demanda (38%) são os fatores que mais podem restringir o crescimento para os chineses. No Brasil, a falta de mão de obra qualificada é a segunda restrição em importância (49%), esse item teve o maior aumento (+19pp) em relação aos outros questionados e foi bem mais alto que a média global (27%). A redução de demanda (12%) foi a menor preocupação para crescimento das empresas nacionais.
"A burocracia continua sendo uma das maiores preocupações dos empresários brasileiros quando se fala em crescimento ou expansão. O Brasil ainda é um dos países com maior número de trâmites e para crescer é preciso mitigar esse excesso de processos que as empresas são submetidas. Com os avanços tecnológicos e o mundo cada vez mais digital e ágil é preciso diminuir o tempo investido nas regulações e aplicá-lo mais no desenvolvimento dos negócios. Além disso, a burocracia é um grande entrave para o investimento estrangeiro no Brasil. ", comenta Fernando Lima, sócio da Grant Thornton Brasil.
Na América Latina, os fatores preponderantes para inibir o crescimento das empresas também são a burocracia e a falta de mão de obra qualificada (ambos com 41%), sendo que este último apresentou uma elevação de +18pp em relação ao percentual de 2010.
Outras restrições para o desenvolvimento das empresas pesquisadas foram custo de financiamento (29%), escassez de financiamento ao longo prazo (22%) e falta de capital de trabalho (21%).
FONTE: Divulgação

domingo, 17 de julho de 2011

Perigos na estrada, por Míriam Leitão

Há vários perigos nas mudanças no Ministério dos Transportes. O principal é deixar tudo como está. O Brasil tem uma logística deplorável, o ministério tem casos recorrentes de corrupção, não investe o que pode do orçamento por ineficiência, e o número de mortes em estradas do país equivale à queda de dois aviões de 160 passageiros a cada três dias. O maior risco é mudar um pouco para ficar tudo como está.
Um levantamento feito pelo site Contas Abertas para a coluna mostra que o Ministério dos Transportes deixou de investir R$ 47 bilhões desde 2002. Até o primeiro semestre de 2011, o Ministério investiu em média 57% do que estava no orçamento. O pior ano do período foi 2003, com apenas 29%. O melhor ano foi 2010, quando chegou a 78%. Veja o quadro que postamos no blog.
O Brasil precisa de um renascimento no Ministério dos Transportes. Uma nova forma de gerir, planejar, pensar, agir, contratar. A presidente Dilma Rousseff criou uma oportunidade para seu governo, sua biografia e o país quando reagiu às denúncias.
Pode perder a chance, se nomear um escolhido com a ajuda do mesmo ministro que caiu. A presidente não pode se deixar intimidar pelas ameaças de votos contrários no Congresso. Se fizer isso, com seis meses de governo, pode ficar sentada esperando o dia da entrega da faixa presidencial porque não governará o Brasil. Ou ela comanda sua base, ou será prisioneira dela.
Os números são inclementes. Eles revelam que, pela falta de estradas decentes no Brasil, morrem 33 mil pessoas por ano em acidentes, se forem somados os dados da Polícia Rodoviária Federal - das vítimas fatais no local - e os do Ministério da Saúde, de acidentados que chegam aos hospitais mas não resistem aos ferimentos. A ineficiência e a corrupção do Ministério dos Transportes não só desperdiçam e desviam dinheiro público, mas também matam.
O órgão não tem sido nem a sombra do que o Brasil precisa. Não tem visão estratégica na economia dos transportes. O impacto econômico da falta de visão integrada na logística mina a produtividade das empresas e a competitividade do Brasil no mercado global. As denúncias da "Veja", O GLOBO e "IstoÉ" provocaram demissões de autoridades suspeitas. O que o vídeo da revista "IstoÉ" mostra é doloroso.
O então ministro aprova uma estradinha feita para agradar um político que vai para o seu partido e diz: "Rapaz, tu num tá nem no partido e já está conseguindo arrancar coisas aqui, imagina quando estiver no partido." Ao seu lado, no mesmo conluio, estava o notório Valdemar Costa Neto. Ele não aparece, é a voz que se ouve ao fundo.
Tem tido voz naquele ministério. Como Nascimento já exerceu o cargo três vezes, 5,5 anos no total, perdendo para Mário Andreazza em tempo no cargo, pode-se imaginar quanta coisa foi "arrancada" do órgão, pelos mais variados motivos que não o interesse público. O que o atraiu ao posto foi fazer uma estrada para lá de controversa, a BR-319, no seu estado do Amazonas, apenas para pavimentar suas eleições.
O Ministério dos Transportes não pode empilhar obras de estradas; precisa saber aonde o país quer chegar. Tem que ter uma visão gerencial de qual a melhor forma, o melhor modal, a mais eficiente integração entre os modais, mirando dois objetivos: estradas mais seguras para garantir vidas; logística mais eficiente para a economia.
Nos últimos 10 anos, o comércio exterior brasileiro deu um salto de 238%. Aumentou também o trânsito de mercadorias para consumo interno. A ineficiência logística vai para o preço, vira inflação que é paga pelos consumidores. A incompetência do Ministério dos Transportes pesa no bolso do consumidor.
O Brasil quer ser grande, eficiente e competitivo. Como fazer isso? Não é protegendo os interesses da família Diniz com R$ 4 bilhões para a fusão do Carrefour com o Pão de Açúcar.
Não é também despejando bilhões sobre a família Batista, dona do JBS-Friboi. Agora que ela é a maior empresa de carnes do mundo e sócia do BNDES, um dos batista quer dar novo passo: o "Júnior" vai virar político para tentar ser governador de Goiás.
O BNDES acredita que irrigando alguns com dinheiro subsidiado formará os campeões nacionais, que conduzirão o capitalismo brasileiro na globalização. O Ministério dos Transportes drena a competição de todas as empresas, as que têm ou não benção do banco estatal. Para que o Brasil, como um todo, seja um campeão, é estratégico que tenha boa logística.
O Brasil tem 212 mil quilômetros de estradas pavimentadas enquanto a Índia tem 1,5 milhão, segundo o Instituto ILOS. O Brasil tem 29 mil quilômetros de ferrovia, e a Índia, 63 mil. A Índia tem 38% da extensão territorial do Brasil. Vou poupar o leitor de outras comparações que nos humilham mais.
O senador Blairo Maggi falou a palavra errada antes de recusar o cargo: "continuidade". Tudo o que o Ministério dos Transportes não precisa é "continuidade". Precisa de rupturas. Quem tem o poder de fazer este corte chama-se Dilma Rousseff.
FONTE: O Globo - RJ

Porto é maior problema no PR, mostra pesquisa

Os empresários paranaenses estão bastante preocupados com os portos do Paraná, temem um apagão de mão de obra e ainda acreditam que o setor automobilístico do estado está perdendo força. Esses dados constam de uma pesquisa sobre a competitividade regional apresentada ontem pela Câmara Americana de Comércio (Amcham).
O estudo, realizado também em Minas Gerais, Pernambuco e na região de Campinas (SP), ouviu 171 empresários no país, dos quais 43 paranaenses. Apesar de o setor de serviços ter grande representatividade nessa amostra, e de não estar diretamente ligado às operações portuárias, os portos é que foram apontados como o maior gargalo, na opinião dos empresários.
Para 32% dos entrevistados, os portos - em especial o de Para­naguá, o principal do estado - são o principal problema da infraestrutura no Paraná. Em seguida aparecem, empatados com 22%, aeroportos, rodovias e ferrovias.
A pesquisa apontou que, na opinião de 32% dos empresários, o setor de transportes é o que deveria receber o maior apoio do governo e das empresas privadas. Os empresários consultados em Minas Gerais, Pernambuco e Campinas apontaram a educação e formação profissional como prioridade, mas no Paraná essa questão ficou em segundo lugar, indicada por 27% dos paranaenses ouvidos pela pesquisa.
"Na percepção dos empresários do Paraná, apesar de a qualificação profissional preocupar, a infraestrutura de transportes é mais carente que nas outras regiões pesquisadas. O grosso da reclamação dos entrevistados está nos portos", diz o vice-presidente regional da Amcham Curitiba, Eduardo Guy de Manuel.
Governo - O secretário de Estado de Planejamento, Cassio Taniguchi, esteve no evento de divulgação da pesquisa e concordou que há muito para ser melhorado. Segundo ele, o governo está tomando as medidas necessárias para avançar na questão de infraestrutura. "Em relação ao Porto de Paranaguá, precisamos criar parcerias com a iniciativa privada para agilizar os investimentos. Outras ações, como a dragagem, já estão sendo encaminhadas", disse. "As rodovias não pedagiadas são péssimas e estamos fazendo várias intervenções para melhorar e restaurar constantemente as estradas. Outro gargalo, que são nossas ferrovias, também devem receber investimentos. O deslocamento de uma carga de Cascavel para Para­­naguá, por exemplo, leva hoje 18 dias. Queremos reduzir esse tempo para um dia, com investimento em novos trechos", acrescentou o secretário.
Promissores - Os empresários paranaenses avaliam que os três setores mais promissores para investimentos são grandes obras da construção civil (exceto habitação); transporte e turismo; e entretenimento. Um destaque negativo é a indústria automobilística, que não figura entre os principais setores a receber investimento. A explicação seria a concorrência com o México e a força do movimento sindical nas montadoras.
"Os incentivos dados pelo México para o setor têm feito algumas montadoras desviar novos investimentos para aquele país. Além disso, há a intensidade do setor sindical no estado, que é muito maior que em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo. Isso faz o empresário sentir que a região perde investimentos no setor", avalia o presidente da Amcham Brasil, Gabriel Rico.
Burocracia afasta empresas de licitações - Uma das questões da pesquisa da Amcham divulgada ontem dizia respeito à participação das empresas em licitações para projetos de infraestrutura. A grande maioria das empresários (83%) afirmou nunca ter participado de um processo licitatório. O principal motivo para isso seria a burocracia que envolve uma licitação e a falta de transparência - os dois itens foram apontados por 63% dos entrevistados. A insegurança jurídica aparece em seguida, indicada por 59%.
Nos outros locais onde a pesquisa foi feita, a falta de transparência e a insegurança jurídica não aparecem como grande preocupação, ao contrário do que ocorre no Paraná. "No estado há ainda a lembrança de rompimentos de contrato, durante o governo anterior", explica o vice-presidente regional da Amcham Curitiba, Eduardo Guy de Manuel. "O estudo mostra que precisamos resolver os problemas da infraestrutura, mas também analisar melhor a parte burocrática, para os empresários participarem mais dos projetos."
Desenvolvimento - Questionadas sobre os fatores que auxiliariam seu desenvolvimento, as empresas indicaram a redução da carga de impostos ou mesmo uma reforma tributária, e também uma reforma trabalhista.
Em relação à reforma fiscal, os empresários do Paraná consideram como pontos prioritários, para aumentar a competitividade das empresas, a desoneração da folha de pagamento, um redesenho para o PIS/Cofins e uma política de desoneração efetiva dos investimentos.
FONTE: Gazeta do Povo - PR