quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Apagão logístico é iminente, dizem empresas

A reação da economia brasileira começa a mostrar seu primeiro grande gargalo, com a iminência de um apagão logístico este ano. A estimativa é de executivos e empresários do setor de transporte rodoviário de cargas, preocupados com a forte demanda do segmento no País, aliada à falta de aportes em infraestrutura logística nos portos brasileiros. Segundo algumas empresas do setor, é possível dizer que o "apagão logístico" afetará o País este ano.
A empresa Braspress, que pretende crescer 20% em 2010 e atingir o faturamento de R$ 550 milhões, é uma das que acreditam que este ano o apagão logístico será inevitável. O diretor comercial Giuseppe Lumare Jr. vê inclusive o reajuste do frete como extremamente necessário para capitalizar as empresas; entretanto, os gargalos do setor irão inflacionar a demanda. "Não pretendemos crescer mais do que isso por não ter como garantir a qualidade dos nossos serviços. Precisamos recuperar a rentabilidade perdida através dos descontos concedidos, e selecionar os clientes ao qual atenderemos", comentou o diretor, em entrevista ao DCI.
Segundo Lumare, no começo do ano passado a empresa teve de se adaptar rapidamente para enfrentar a crise financeira global e tomou algumas medidas drásticas. "Ao deparar com a crise, modificamos nossos planos, dispensamos profissionais preparados, vendemos caminhões, e concedemos descontos", recordou ele. Entretanto, a retomada da economia nacional no ultimo trimestre, aliada ao reaquecimento acelerado do setor fizeram com que as transportadoras de cargas contratassem empregados sem treinamento, comprassem novos caminhões a altos preços e prestassem até serviços de baixa qualidade, afirmou o executivo. "Fechamos o ano com um aumento de17% no faturamento, porém tivemos grande redução em nossa rentabilidade",
disse ele.
A previsão da transportadora para este ano consiste na reposição da rentabilidade e reestruturação para acompanhar o crescimento do mercado nos próximos anos de forma sustentável. "Pretendemos crescer no máximo 20% este ano. Para isso iremos reajustar o frete em aproximadamente 14%, além de analisar com cuidado os contratos pouco rentáveis". A empresa paulista pretende investir R$ 50 milhões este ano em expansão e inaugurar novo terminal em Guarulhos (SP).
Outra do segmento que crê em um caos logístico é a Ramos Transportes, que limitou seu crescimento a 15% e não fará investimentos este ano, mesmo acreditando ser possível crescer mais. "Não acompanharemos o mercado. Temos de crescer dentro da capacidade instalada da empresa. O Brasil não está preparado para a demanda que recebe. Existem muitos gargalos e o "apagão" é iminente", ressaltou o vice-presidente da empresa, Jacinto Junior. Junior afirmou que em 2009 a previsão de crescimento era 10% e devido a crise que afetou o País, a recuperação no ultimo trimestre não conseguiu alcançar o patamar desejado. "Não tínhamos capacidade de estrutura para suportar o aumento do período. Crescemos 7%."
Este ano, a transportadora pretende faturar aproximadamente R$ 450 milhões e crescer 15% em relação ao ano passado. "Vamos limitar o nosso crescimento para nos adequarmos à capacidade de investimento. A ideia é recuperar o que perdemos por causa da crise", emendou o executivo.
A empresa também prevê fazer uma seleção de seus clientes, mas afirma já ter sido procurada por muitos clientes da concorrência que reclamavam de maus serviços prestados por elas. "Fomos procurados por diversas empresas interessadas em trocar de transportadora, por causa de atrasos e serviços ruins. No entanto, muitos clientes nossos também saíram alegando isso." Para ele, este é um termômetro do apagão: a falta de estrutura para atender a demanda. Com 68 unidades no território nacional e há 72 anos no mercado, a empresa aposta principalmente no potencial das Regiões Norte e Nordeste.

Pesquisa

O cenário do transporte rodoviário de carga no fim de 2009 não era o desejado pela empresas que atuam no setor. Terminais superlotados, falta de caminhões, motoristas e ajudantes causaram expressivos atrasos nas entregas. Segundo pesquisa da Associação Nacional de Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística) divulgado este mês, mais de 60% das empresas entrevistadas culparam a falta de infraestrutura pelo mal atendimento aos seus clientes em 2009. Outro dado interessante da pesquisa se refere ao repasse de aumento de frete no ano passado: 64,9% dos entrevistados não repassaram o aumento aos seus clientes, e aproximadamente 27% concederam descontos.
De acordo com o presidente da NTC, Flávio Benatti, quem não conseguiu repassar os fretes naquele período deve compensar agora: "Além disso, é importante que as empresas sejam remuneradas pelos serviços adicionais, como o tempo de espera dos caminhões nos clientes e nos postos fiscais, a permanência da carga nos terminais, a cubagem de cargas volumosas, o manuseio e custos com gerenciamento de riscos, entre tantos outros fatores que contribuem para formar o valor cobrado pelo serviço".
Conforme a entidade, a crise econômica trouxe consequências graves à atividade e a empresários. "Como forma de se proteger e preservar clientes, eles adiaram investimentos e cederam às pressões do mercado, ou seja, chegaram até a conceder descontos." Com a retomada da economia, já a partir do segundo semestre de 2009, o mercado encontrou grandes dificuldades para atender à demanda do final do ano com a qualidade e segurança necessárias.
"Diante do quadro em que o setor se encontra é necessário fazer o realinhamento do frete, pois somente assim as empresas poderão cobrir os custos, recompor a margem de lucro e investir para que a demanda seja atendida de forma eficiente e com qualidade", assegurou Benatti. Apesar do cenário, a previsão é de recuperação. Tanto que na pesquisa da NTC, 45% das empresas do setor de transporte de carga pretendem investir em caminhões neste ano.
Fonte: DCI

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Trafti une operação de carga e planeja ampliação de frota

Resultado de fusão entre quatro firmas independentes de logística, companhia vai investir R$ 25 milhões em 2010.
A Trafti, operadora logística com sede em São Bernardo do Campo, está quase pronta para rodar como uma empresa única.
Até o final de março, a companhia espera terminar as obras de sua unidade sede, na Estrada dos Casas, no município da Grande São Paulo, e reunir as equipes comerciais e administrativas das quatro empresas que lhe deram origem, em meados de 2009: Fantinati, Transvec, Transpostes e Mestra Log.
Juridicamente, o grupo funciona como uma S.A. desde o dia primeiro de janeiro. Mas, por conta das tempestades no Sudeste, a integração física atrasou e acabou ficando para março, diz Roberto Schaefer, diretor comercial da Trafti.
Segundo ele, a concentração permitirá a concretização de uma série de sinergias e estratégias de negócios dificultadas pela gestão fragmentada.
Um exemplo é a criação de núcleos setoriais de vendas, comandados por gerentes que terão como atribuição a busca de oportunidades não somente nos clientes que já estão na casa, mas também em outros elos da cadeia de produção, para acima e para baixo.
"Hoje, distribuímos medicamentos em todo o Brasil para clientes do ramo farmacêutico. Mas poderíamos fazer também a entrega das embalagens ou de matérias-primas dos produtos que entregamos", afirma o executivo.
"Melhorar a ocupação do caminhão permite reduzir custos e ofertar melhores preços".
A integração também garantirá escala para que a Trafti crie uma área de marketing, que ficará responsável pela construção de um novo site e de ações de relacionamento com clientes e potenciais clientes.
Segundo Marina Aparecida Gomes, contratada para gerenciar a área, a companhia vai participar este ano de feiras e desenvolver um sistema de CRM para entender melhor as necessidades dos clientes e oferecer serviços mais adequados ao mercado. Também será criado um site que permitirá o monitoramento da movimentação de cargas.
Com foco de vendas em nove áreas de negócios - bens de capital, indústria farmacêutica, química, óleo e gás, papel e celulose, alimentação, bens de consumo, siderurgia e hospitalar - a companhia espera crescer cerca de 15%, em 2010, e alcançar faturamento de cerca de R$ 200 milhões.
Há seis meses, quando o grupo era integrado por mais uma empresa, a Ajofer, que desistiu de participar da fusão, a expectativa era aumentar o faturamento na mesma proporção, mas sobre uma base de R$ 250 milhões.
A desistência de um dos sócios, porém, não afetou as metas para os próximos cinco anos, de alcançar os R$ 400 milhões.

Bom momento

As boas perspectivas são baseadas, segundo Schaufer, no momento econômico favorável vivido pelo país.
"Todo o setor de bens de consumo está aquecido", afirma o executivo. Para dar suporte à demanda, a companhia planeja investir entre R$ 20 milhões e 25 milhões em ampliação da frota, hoje formada por cerca de mil veículos, em obras civis, informática, treinamento de pessoas e outros incrementos.
Mas o valor, suficiente para a compra de cerca de cem caminhões sem carreta, poderá ser maior, por conta da demanda aquecida, diz Schaefer.
"Em janeiro, normalmente o movimento é mais fraco, e aumenta depois do Carnaval. Este ano, não sentimos desaceleração", afirma o executivo
Fonte: www.webtranspo.com.br

Trânsito é empecilho para desempenho de operador logístico

Altos índices de congestionamentos levam à inclusão do tempo gasto no trânsito no planejamento das operações
Tempo gasto no trânsito diminui lucro de operadores logísticos
Os altos índices de congestionamentos registrados em cidades como São Paulo, onde a média de engarrafamento é de 136 quilômetros em horário de pico, levam empresas do setor logístico a incluírem nos seus planos de operação o tempo gasto no trânsito.
Marcelo Alvarez, gerente executivo de logística da Brasilmaxi, que atua no setor, afirma que, em média, a companhia perde de três a quatro horas, por veículo, presa nos congestionamentos da capital paulista.
“Nosso faturamento está baseado no número de operações realizadas. Portanto, perdemos uma produtividade grande que reflete diretamente no resultado da empresa”, explica Alvarez ao afirmar que se o ‘trânsito’, que está entre os quesitos que influenciam o desempenho da operadora, fosse isolado, o faturamento da companhia, que cresceu 15% no ano passado - poderia ter sido 20% ou 30% maior.
Para a Cargolift, o trânsito também é um fator de preocupação. Embora apenas 20% frota da companhia atue em grandes cidades, os congestionamentos influenciam no desempenho da empresa.
“A velocidade média na rodovia é de aproximadamente 65 quilômetros por hora, em compensação - em cidades como São Paulo - a velocidade cai para nove quilômetros”, destaca Markenson Marques, presidente da companhia.

Medidas

Para tentar conter os impactos dos grandes congestionamentos nos resultados, as companhias têm investido em tecnologia para desviar dos engarrafamentos.
“Temos uma central de gerenciamento de risco e rastreamento. Há uma equipe 24 horas por dia acompanhando o trabalho e instruindo nossos motoristas, no sentido de buscar alternativas que não deixem de lado a segurança”, ressalta Alvarez.
Segundo ele, os equipamentos utilizados pela empresa possuem tecnologias por satélite, GSM e rádio. Para Alvarez é imprescindível este tipo de trabalho, pois é fundamental que se prime pela segurança da carga e do colaborador. “A falta de segurança restringe a adoção total de rotas alternativas. Pois há percursos onde você aumenta o grau de risco de roubo de cargas”.
Embora a Cargolifit também utilize recursos tecnológicos para obter as melhores rotas, a companhia optou por retirar suas operações de São Paulo.
“Levaremos diversas operações para o interior do estado. Abrimos filiais em Piracicaba e em Sorocaba. O próximo passo será inaugurar uma unidade em Campinas”, relata Marques.

Soluções

Ao lidar diariamente com os transtornos que um congestionamento ocasiona, as empresas de logística conseguem apontar soluções que poderiam ajudar a melhorar o trânsito das grandes cidades.
“Existem varias medidas. O replanejamento do rodízio de veículos e das áreas de estacionamento é uma delas. É necessário também que se melhore o transporte público”, destaca Alvarez. E complementa: “uma adesão maior de entregas noturnas seria muito interessante, porém teríamos que fazer uma revisão de toda a questão de segurança pública”.
Marques, aponta outras alternativas: “Deveria ser criado algum tipo de sobretaxa no frete para que os embarcadores não requisitem as operações apenas durante o dia. Isso poderia até baratear a atividade. Por exemplo, para uma transportadora que utiliza o caminhão por 12 horas durante o dia, e na madrugada mantém o veículo parado, a operação durante a madrugada otimizaria os resultados”, explica.
Fonte: www.webtranspo.com.br