sexta-feira, 11 de junho de 2010

Restrições aos caminhões

A Prefeitura de São Paulo ampliará as restrições à circulação de caminhões na capital, principalmente nas Marginais do Pinheiros e do Tietê e na Avenida dos Bandeirantes. A medida é necessária nestes meses que antecedem o início da cobrança de pedágio no Trecho Sul do Rodoanel. Caso contrário, boa parte das carretas poderá voltar a circular por essas vias. Muitos transportadores aproveitarão a melhoria do tráfego nesses corredores, com a entrega da pista central da Marginal do Tietê e a abertura do novo trecho do anel rodoviário, e evitarão pagar o pedágio, comprometendo os resultados dos investimentos públicos, que atingiram R$ 6,3 bilhões nas duas obras viárias.
Com o início da operação do Trecho Sul do Rodoanel, em 1.º de abril, houve aumento de 42% na fluidez do tráfego na Avenida dos Bandeirantes, de 34% na Marginal do Pinheiros e de 40% na Marginal do Tietê. Em toda a cidade, conforme a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o ganho médio de fluidez foi de 28%. Até março, passavam pela Avenida dos Bandeirantes 2.389 caminhões de manhã e, à tarde, 2.852. Com a inauguração das pistas, esse volume caiu para 1.457 durante a manhã e 1.389 à tarde. Dos 3 milhões de veículos que utilizaram os 61,4 quilômetros do novo trecho do Rodoanel, no primeiro mês de funcionamento, 40% foram caminhões.
Apesar desses ganhos de eficiência, o planejamento do uso da malha viária precisa ser cada vez mais rigoroso uma vez que essas melhorias têm vida curta numa cidade onde 1,2 mil veículos são emplacados diariamente. Bem fará o prefeito Gilberto Kassab se cumprir a Agenda 2012, o plano de metas da gestão municipal que, no item mobilidade urbana, se comprometeu a ampliar o rodízio de caminhões, uma vez inaugurado o Trecho Sul.
Em meados de 2008, a CET criou restrições à circulação de caminhões nas ruas da capital. Proibiu a frota pesada de circular entre 5 e 21 horas nos 100 km² da Zona Máxima de Restrição de Circulação e, nas Marginais e Avenida dos Bandeirantes, impôs a ela o mesmo sistema de rodízio adotado para os automóveis. Por sua vez, os Veículos Urbanos de Carga, de 6,30 m de comprimento, passaram a obedecer a um rodízio de placas pares e ímpares, de acordo com os dias da semana. Na capital, circulam mais de 10 mil desses veículos.
Na época, o prefeito Gilberto Kassab afirmou que se tratava de medida paliativa até que o novo trecho do Rodoanel entrasse em operação. Estudos da CET mostraram que 15% dos veículos que rodavam diariamente nos horários de pico eram caminhões. Essa frota ocupava 42% da malha viária. Os 17 mil quilômetros de vias paulistanas eram utilizados por 5 milhões de automóveis, 240 mil caminhões, 41 mil ônibus, 9 mil lotações e 690 mil motocicletas. A restrição conseguiu tirar de circulação 100 mil desses veículos das Marginais e do centro expandido.
No primeiro mês de cumprimento das novas regras, a fluidez do trânsito da capital melhorou 22%. A velocidade dos ônibus em avenidas como a Faria Lima aumentou 55%. Um ano depois, no entanto, altos índices de congestionamento voltaram à rotina dos paulistanos. Às 19 horas do dia 10 de junho de 2009, a cidade atingiu seu recorde de congestionamento, com 293 quilômetros de vias completamente paradas e, de lá para cá, a média de lentidão na cidade no pico da tarde tem se mantido sempre acima dos 100 quilômetros. Seria pior sem o Trecho Sul do Rodoanel.
Apesar da saída de milhares de caminhões da cidade, dos esforços para disciplinar o tráfego de veículos pesados e da ampliação da malha viária, o paulistano continua sofrendo no trânsito. Por isso, deve-se evitar qualquer retrocesso, principalmente a volta das carretas aos principais corredores. A Prefeitura precisa, sim, cumprir a Agenda 2012, mas, além de impedir a circulação da frota pesada na cidade, deve também contribuir para a melhora da mobilidade urbana com medidas como o investimento de R$ 1 bilhão no metrô, a reforma dos 38 quilômetros dos corredores de ônibus já existentes e a construção de outros 66 quilômetros.
FONTE: O Estado de São Paulo

terça-feira, 8 de junho de 2010

Logística de carga pesada vai crescer até 40%

Empresas de logística especializadas em transporte de superpesados miram o pré-sal, reclamam de falta de infraestrutura e preveem crescimento superior a 40% este ano, superando a expectativa do setor logístico, que espera crescer 30%. Para suprir este nível de expansão, três das maiores empresas do setor farão investimentos milionários, como é o caso das empresas Locar, que projeta investir mais de R$ 350 milhões este ano, Irga, que prevê aportes superiores a R$ 10 milhões, e Tomé Equipamentos e Transportes, que pretnede investir até R$ 120 milhões este ano em equipamentos.
A empresa Locar Guindastes e Transportes Intermodais deve faturar mais de R$ 400 milhões este ano, ante os R$ 310 milhões de 2009. Para isso, irá investir R$ 350 milhões para superar a marca de 1.000 equipamentos, ante os 840 atuais. Segundo o diretor comercial da empresa, Marcello Mari, o segredo desse crescimento é a atuação da empresa em diversas áreas deste setor, com equipamentos modernos. "Hoje a nossa frota de equipamentos é muito diversificada. Atuamos na área de transporte rodoviário especial e excepcional, chamado de superpesado, na parte industrial, na marítima, em plataformas aéreas e gruas. Nos próximos quatro meses, teremos mais de 1.000 equipamentos na frota", comentou ele, em entrevista ao DCI.
Mari ressaltou que a empresa ainda mantém uma forte atuação no setor petroquímico, que representa 40% da receita da empresa, seguida por mineração e estaleiros, com 20%. Apesar disso, ele destacou que a Locar pretende ampliar a sua atuação na área marítima, já pensando no pré-sal, e atingir em três anos 20% do total da receita, destinando R$ 100 milhões do montante de investimentos à aquisição de mais cinco balsas e três rebocadores. "Além dos R$ 350 milhões, investiremos mais US$ 150 milhões nos próximos três anos, para nos prepararmos para a demanda relacionada ao pré-sal", comemorou ele.
Apesar de não ter muitas informações e garantias a respeito do pré-sal, Mari está otimista em relação à participação da empresa neste processo para o transporte e a logística interna de máquinas e equipamentos pesados, seja por licitação direta da Petrobras, ou por empresas que prestarão serviços a ela. "No nosso portfólio de negócios sempre operamos sozinhos, até porque a ideia é evitar a quebra de responsabilidade. Temos toda a infraestrutura para garantir uma ótima prestação de serviços, e, quando saírem mais informações sobre o pré-sal, vamos investir ainda mais", garantiu o diretor.
Com capital inteiramente brasileiro, a Locar, que atua há 22 anos no mercado e conta com 1.300 funcionários, adquiriu no começo deste ano 36 eixos hidráulicos, parte dos quais são autopropelidos, ou seja, não necessitam de caminhão para se movimentar. Ao todo, foram feitos R$ 20 milhões de aportes para estes eixos, e os seis primeiros chegarão ainda este mês.
"Estas carretas podem movimentar até duas mil toneladas e, agora, com as autopropelidas, daremos ainda mais mobilidade a estas cargas especiais. Com elas, podemos movimentar grandes cascos de navio ou até mesmo uma plataforma", disse Mari.
A empresa, que conta com clientes como a Petrobras, Vale, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, entre outras, prevê um aumento de 15% do número de viagens de carga especial este ano, ante as 3.200 realizadas no ano passado.
Concorrência - A empresa Irga também está otimista. Entretanto, faz planos mais conservadores para este ano, dados principalmente os resultados obtidos no ano passado, no auge da crise econômica global. Segundo o presidente da empresa, Lupércio Torres Neto, apesar da retração de 25% na receita ano passado, que fechou com R$ 200 milhões de faturamento, 2009 foi um ano bom para a empresa.
"Depois da crise que começou no final de 2008, adotamos um pouco mais de cautela, pois temos muitos anos neste setor e já passamos por muita dificuldade. Os investimentos feitos no ano passado destinaram-se somente a cobrir depreciação. Mas, se analisarmos o balanço, 2009 foi melhor do que 2008, embora tenha havido essa redução de faturamento", frisou Torres Neto.
O executivo contou que nos quatro primeiros meses deste ano os negócios ainda estavam abaixo do esperado, mas disse que no mês de maio já havia sinais de uma retomada. Neste ano, a Irga pretende obter o mesmo faturamento do ano passado, mas já prepara investimentos superiores a R$ 10 milhões. "Esperamos repetir os resultados de 2009, que foi muito bom para nós, e ampliar um pouco mais o investimento. No começo do ano, fizemos orçamento para investir R$ 10 milhões, só que em um cenário diferente, mais pessimista, e, como agora ele está se tornando mais otimista, vamos revisar esse orçamento, que pode superar este valor", ressaltou Neto.
Segundo o presidente, a empresa já fechou dois importantes contratos este ano: um de transporte de motores de termoelétricas e um na área de energia eólica, e ainda está disputando outros contratos para refinarias. "Com estes contratos, teremos um segundo semestre muito bom", finalizou.
A empresa Tomé recentemente dividiu as suas áreas de atuação, formando as empresas Tomé Engenharia e Tomé Equipamentos e Transportes, e também criou a holding Tomé Participações, responsável pela sinergia do grupo. Com isso a empresa espera formar bases mais fortes para continuar a crescer.
Neste ano, a empresa pretende faturar aproximadamente R$ 300 milhões de sua área de transportes, devendo também definir a aquisição de novos guindastes, com capacidade de içar até 1.200 toneladas, e eixos para transporte de cargas superpesadas.
FONTE: DCI - SP

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Lei do frete deixa entregas até 1.100% mais caras

Para conseguir receber com hora marcada produtos comprados em lojas e supermercados do Estado de São Paulo - direito adquirido em outubro do ano passado -, o consumidor paulista paga até 1.100% a mais no valor do frete. Se não quiser pagar a taxa, o comprador tem de se contentar em receber o produto na hora que a empresa quiser.
A prática, adotada pelas maiores redes varejistas, é irregular, conforme lei estadual 13.747, sancionada em outubro de 2009. Levantamento do R7 apontou que os maiores estabelecimentos do varejo e a empresa líder de vendas da internet não respeitam a legislação, que as obriga entregar produtos e fazer serviços com hora marcada, sem custo extra.
Os turnos podem ser na manhã (das 8h às 12h), tarde (das 12h às 18h) e noite (das 18h às 23h). É responsabilidade do fornecedor dizer antes da compra as datas e turnos disponíveis para o consumidor escolher. A empresa deve emitir um comprovante do horário agendado.
Os sites Lojas Americanas e Submarino - pertencentes à mesma empresa, os dois detém metade do comércio eletrônico do país - cobram mais para entregas agendadas. A reportagem simulou a compra de um ferro de passar roupas. O frete custaria R$ 4,99 no Submarino e R$ 6,99 nas Americanas. Mas, com agendamento, os valores sobem para R$ 20,99 e R$ 84,49 - 321% e 1.108% a mais, respectivamente.
A empresa líder do varejo, o Grupo Pão de Açúcar, também cobra a mais pela entrega agendada. O Extra e o Ponto Frio - ambas do Pão de Açúcar - cobram R$ 6,61 e R$ 5,88, respectivamente, pela entrega sem marcação. Com agendamento, o valor sobre 994% e 1.130% - R$ 72,35 e R$ 72,33, na mesma ordem.
Atendentes da Casas Bahia (que foi comprada pelo Grupo Pão de Açúcar), Carrefour, Wal-Mart, Ricardo Eletro e Magazine Luíza, as cinco maiores empresas de varejo do Brasil, segundo ranking da FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgado em março deste ano, disseram que ainda não fazem agendamento.
Uma vendedora do Magazine Luíza chegou a dizer que a lei de entregas agendadas "só entra em vigência no ano que vem [2011]". A lei proposta pela deputada Vanessa Damo (PMDB) entrou em vigor no dia em que foi publicada no Diário Oficial (7 de outubro de 2009). Segundo a parlamentar, as empresas já deveriam estar adaptadas à regra.
- É um argumento absurdo [o de dizer que a lei ainda não está em vigor] usado para enganar o consumidor.
Se desrespeitarem a lei, as empresas que entregam produtos em São Paulo podem ser multadas em valores de R$ 220 até R$ 3 milhões, que variam de acordo com o patrimônio da empresa e o dano causado ao consumidor. Em caso de reincidência, a empresa pode ter suas atividades paralisadas até que possa seguir a lei. A regra vale também para prestadores de serviço.
Autora da lei, Vanessa se diz indignada e qualifica como "inaceitável" os resultados do levantamento feito pela reportagem.
- Isso é um absurdo. Mostra má fé da loja e fere a lei e o Código do Consumidor.
A deputada conta que acompanhou três blitze do Procon, órgão de defesa do consumidor, para fiscalizar a lei. Em novembro de 2009, 71 estabelecimentos da capital paulista foram vistoriados e 46 (64,8%) receberam multas. Em fevereiro deste ano, nova fiscalização visitou 164 estabelecimentos de São Paulo e 71 foram multados (43%).
No mês passado, 52 estabelecimento das cidades de Santos, no litoral sul, e Presidente Prudente, na região oeste, foram vistoriados. O percentual de multas foi quase o mesmo, 40%.
O Procon orienta consumidores que se sentirem prejudicados a reclamar pelo telefone 151.

Outro lado

Até a publicação desta matéria, quatro das empresas citadas se manifestaram. Em nota, o Magazine Luíza afirma ter "pleno conhecimento da lei e está implantando as ferramentas necessárias para a total adequação. Ademais, ressalta que a empresa preza pelo respeito aos prazos pactuados com seus clientes".
O Carrefour também diz ter ciência da lei e promete implementar a entrega com hora marcada em 21 de junho no site da empresa.
O Wal-Mart diz que cumpre a lei em suas lojas físicas. Segundo nota, "quanto ao comércio eletrônico, a empresa está promovendo todos os esforços junto aos seus parceiros logísticos para otimizar ainda mais seu sistema de entrega".
A Casas Bahia afirma que, "em virtude da ausência de prazo para adequação à lei da entrega, a Casas Bahia ingressou com ação judicial com objetivo de concessão de prazo mínimo nesse sentido e obteve decisão favorável. Não obstante, a empresa está empreendendo todos seus esforços a fim de se adequar o mais rápido possível".
O Grupo Pão de Açúcar diz somente, por meio de nota, que cumpre a lei da entrega. A empresa B2W, proprietária dos sites Submarino e Lojas Americanas, e a Ricardo Eletro não se manifestaram até a publicação da reportagem.
FONTE: R7