quarta-feira, 3 de março de 2010

O Palete, por José Carlos V. de Mendonça*

A logística está cada vez mais consolidada em todas as atividades, quer seja em serviços, industrial, agrícola e comercial. Ela abrange desde os fornecedores de matérias-prima até os clientes finais, ou consumidores. Conforme definido pelo "Council of Supply Chain Management Professionals", a Cadeia de Abastecimento engloba o planejamento e gerenciamento de todas as atividades envolvidas no fornecimento e aquisição de mercadorias, conversão e todas as atividades de gestão logística. Com relevância, também inclui coordenação e colaboração com todos os parceiros da cadeia de abastecimento, que podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviço e clientes. "Em essência, a gestão da cadeia de abastecimento integra o gerenciamento da oferta e da demanda dentro e através das empresas."
Portanto, para que possamos ter os materiais fluindo por toda a Cadeia de Abastecimento - Supply Chain - a custos mínimos, sem avarias e com máximo serviço ao cliente, é necessária a utilização de sistemas de movimentação e armazenagem, e, entre eles, um unitizador de carga capaz de incrementar a produtividade das operações, integrando os diversos modos de transportes. Assim, podemos dizer que o palete é um unitizador que atende a todos os requisitos acima, podendo ser fabricado em madeira, plástico, aço, alumínio, papelão, borracha. Neste artigo, trataremos do palete de madeira.
Apesar de não existirem registros precisos sobre sua origem, o palete sempre esteve presente nas atividades comerciais. Fala-se que seus primeiros registros estão ligados ao surgimento das primeiras empilhadeiras, muito embora seja possível encontrar citações que seu uso começou nos Estados Unidos, em 1925.
O palete de madeira é normalizado conforme ABNT - NBR8252, e, em meados de 1987, a ABRAS - Associação Brasileira de Supermercadistas criou o Grupo de Palete de Distribuição, que desenvolveu, após pesquisas realizadas em vários fornecedores e varejistas, o palete PBR - Palete Padrão Brasil com dimensões de 1000 x 1200 x 144 mm, fabricado em pinus ou eucalipto, sendo largamente utilizado em vários segmentos do mercado.

Vantagens da Utilização do Palete

* Aproveitamento total disponível para a estocagem, aproveitando o espaço (vertical);
* Redução da burocracia, já que a paletização proporciona maior facilidade e exatidão no controle do inventário;
* Reduz a possibilidade de roubo e danos às mercadorias;
* Melhor proteção dos produtos contra a umidade e outros fatores de contaminação;
* Facilita a carga, descarga e distribuição em todos os locais com acesso de equipamentos de movimentação de materiais;
* A unidade feita com a utilização de paletes pode ser movimentada por diversos tipos de equipamentos, tais como: sistemas automáticos de armazenagem, empilhadeiras, transportadores contínuos, guindastes, elevadores de carga e transpaletes.

Desvantagens da Paletização

* Custo da paletização;
* Custo da despaletização;
* Resistência ao empilhamento;
* Custo de manutenção do palete, quando retornável;
* Investimento em estruturas para estocagem.

O Mercado de Paletes

Apesar de o palete possuir normas específicas para sua construção, o seu comércio vem sendo realizado por alguns de forma clandestina, por profissionais que não se preocupam com a origem deste equipamento, da procedência da madeira utilizada, tipos de fixadores, etc. É só andarmos um pouco pelas avenidas marginais de São Paulo, apenas para citar alguns pontos, que iremos encontrar pessoas vendendo paletes ditos "padrão PBR" a preços aparentemente convidativos, e que torna impossível a competição com fabricantes idôneos, que os fabricam respeitando as especificações e o meio ambiente.
"A Abrapal tem como uma de suas funções a auditoria dos fabricantes de paletes, para que estes cumpram as especificações construtivas definidas pelo CPP - Comitê Permanente de Paletização, responsável pelas especificações do palete padrão de distribuição nacional e credenciamento de fornecedores destes unitizadores".
Os fabricantes de palete devem exigir que seus fornecedores de madeira tenham certificados da procedência do material, que deve ser proveniente de reflorestamento. As toras devem possuir certificado de origem e seus planos de cortes. Nós, como usuários, devemos exigir dos fornecedores tais documentos, assim poderemos eliminar o comércio clandestino, sem qualidade e não regido pelos preceitos da ética na concorrência.
Quando adquirirmos paletes não certificados, estamos correndo sérios riscos no tocante a:

* Utilização de madeiras não provenientes de reflorestamento e especificadas para este uso;
* Fixadores não compatíveis para construção de paletes;
* Falta de controle de umidade da madeira, o que gera danos aos produtos e materiais de embalagem;
* Danos à carga movimentada em virtude da quebra do unitizador, entre outros;
O propósito aqui é alertar para a importância do correto uso e especificação do equipamento de movimentação e armazenagem, mesmo aquele tão simples como sua embalagem de unitização. A solução não é comprar o mais barato, mas sim aquele que atende suas necessidades e especificações. Pense nisso!

Eng.º José Carlos V. de Mendonça - Diretor de Projetos da Global Connexxion Brasil, Consultor em Logística e Empresarial, Prof.º Graduação e Pós-Graduação em Cursos de Logística.
jose.mendonca@globalconnexxion.com

FONTE: Publicado originalmente no site Logweb