sábado, 31 de outubro de 2009

Facilidade logística atrai fábrica de equipamentos eletrônicos

A aproximadamente cinco quilômetros do aeroporto de Confins, a fábrica de equipamentos eletrônicos Clamper aguarda o edital das nove áreas da primeira fase do aeroporto industrial com ansiedade crescente. "Já investimos R$ 500 mil nisto e estamos preparados para colocar mais R$ 4 milhões. Acreditamos neste processo mais do que todas as outras empresas", diz Ailton Ricaldoni Lobo, dono da empresa que monta produtos como para-raios de baixa tensão e módulos de telefonia. O investimento é expressivo para o porte de vendas da Clamper, que deve faturar este ano R$ 23 milhões.
Entre 2007 e 2008 a Clamper foi a única empresa que aceitou convite da Infraero para operar dentro do aeroporto de Confins, na importação, montagem e revenda ao exterior de peças, no regime tributário especial estabelecido para aeroportos industriais. A experiência permitiu à Receita Federal o desenvolvimento do software para o acompanhamento on-line de todas as etapas da produção da linha da Clamper. "No fim de 2008, a Infraero pediu a área de volta, para dar sequência às obras. Aí veio o embargo da autoridade ambiental, que paralisou a construção por três meses. Ainda não sei o impacto dessa paralisação no cronograma do edital", diz Ricaldoni.
Ainda que a presença dentro do aeroporto industrial garanta condições tributárias privilegiadas, como suspensão de impostos sobre componentes importados, diferimento dos impostos na aquisição de insumos nacionais e isenção de impostos sobre o produto acabado exportado, o maior atrativo da modalidade não é o benefício fiscal, mas o logístico. "Há uma grande economia em poder fazer o desembaraço das mercadorias e o embarque para o exterior em um mesmo local", afirma Ricaldoni.
A empresa se instalou em 2004, no município de Lagoa Santa, área vizinha a Confins, justamente tendo em mente a conveniência de estar próxima a um aeroporto internacional. "Teríamos vindo para cá de qualquer maneira, com ou sem regime tributário especial, pensando em economia de frete. Os componentes que importamos sempre são transportados por via aérea", diz Ricaldoni.
A área a qual a Clamper pretende concorrer na licitação é um dos menores módulos, de 2.800 metros quadrados. Entre os potenciais interessados nos módulos maiores estão outras empresas instaladas na região de Confins e Lagoa Santa: a VMI, uma subsidiária da Philips que produz equipamentos médicos e a Gol Linhas Aéreas, que colocou ao lado do aeroporto o seu centro de manutenção industrial.
Minas quer acelerar uso de Confins como ’aeroporto industrial’
Um dos principais focos de atrito entre o governador mineiro , Aécio Neves (PSDB), e o governo federal, o aeroporto internacional de Confins poderá finalmente se consolidar como foco de investimentos, 25 anos depois de sua inauguração. Dentro de três meses deverá ser publicado edital de licitação, provavelmente por 15 anos, de nove áreas do aeroporto de Confins para a instalação de empresas que terão um regime tributário diferenciado para importar componentes, montá-los no local e reexportá-los.
O projeto, que usa o nome de "aeroporto indústria", ficará sob gestão da Infraero, mas houve um acordo para que as obras civis, na fase de implantação, fossem tocadas pelo governo mineiro. O início da obra ficou paralisado por três meses este ano, até o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aceitar o licenciamento ambiental anterior, na primeira semana de agosto.
Segundo o subsecretário de Assuntos Internacionais do governo mineiro, Luiz Antônio Athayde, as obras devem estar concluídas até janeiro. De acordo com nota enviada pela Infraero, o embargo ambiental não interrompeu o processo da concessão dos espaços para atividades industriais. Foi concluída a minuta do edital, mas a empresa ainda aguarda a contratação de uma consultoria para a precificação e definição de prazos de amortização dos investimentos.
O projeto do aeroporto indústria, em sua fase inicial, englobaria 50 mil metros quadrados. Os nove lotes a serem licitados para empresas, são de 2,8 mil metros quadrados a 4 mil metros. Poderão se instalar empresas de cinco áreas: tecnologia de informação, produtos farmacêuticos, equipamentos médicos, componentes eletrônicos e peças para aviação. Mas o alcance do projeto é muito maior. Em uma segunda fase, cujo projeto ainda não foi aprovado pela Infraero, o aeroporto industrial operaria em uma área dezesseis vezes superior, contígua ao aeroporto de Confins, que ganharia um novo terminal.
Aécio Neves já busca potenciais investidores no exterior. Na semana passada, o governador mineiro encontrou-se em Londres com executivos na empresa norte-americana Boeing. A Gol, a maior cliente da Boeing no Brasil, instalou este ano o seu centro de manutenção de aeronaves próximo a Confins.
Os investimentos em Confins são um dos maiores contenciosos entre o governador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governo federal. Desde o início do ano, o governador tenta ao mesmo tempo garantir o apoio de Brasília para os projetos de ampliação do aeroporto que leva oficialmente o nome de seu avô, o presidente Tancredo Neves, e barrar os estudos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para o fim das restrições a voos no aeroporto de Pampulha, que está dentro do município de Belo Horizonte.
Em agosto, Aécio teve uma reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para pedir a construção do segundo terminal de passageiros e sugerir a possibilidade uma parceria público privada (PPP) para a obra. Duas semanas depois, há um mês, queixou-se de não ter recebido "nenhum posicionamento da Infraero".
O projeto global do governo mineiro para Confins envolve investimentos até 2034. "O desenvolvimento do aeroporto é um dos componentes mais relevantes de um futuro corredor multimodal de alta tecnologia", disse Athayde, mencionando que o corredor envolverá, entre outros pontos, um rodoanel de 68 quilômetros ligando o porto seco de Betim (MG). Até 2020, seriam R$ 4,3 bilhões em investimentos. A proposta concebe outros dois terminais de passageiros em Confins, que ganharia a capacidade de transportar 40 milhões de passageiros por ano, o equivalente a três aeroportos de Guarulhos.
O projeto está dentro do esforço do governo mineiro para criar um novo polo de desenvolvimento entre a periferia norte de Belo Horizonte e o aeroporto, que está a 45 quilômetros do centro metropolitano. Dentro dessa mesma perspectiva está sendo erguida a Cidade Administrativa, que vai levar para a divisa entre Belo Horizonte e Vespasiano toda a administração estadual.
A intenção do governo federal em privatizar parte da Infraero e adotar o regime de concessão para os aeroportos joga outra interrogação neste plano. "Se isto vier a se concretizar, certamente este plano do governo mineiro será contemplado na concessão a ser feita", disse esperar Athayde.
O primeiro passo para a vitalização do aeroporto de Confins, inaugurado em 1983, mas subutilizado por mais de 20 anos, em função de ser muito distante da capital, ocorreu em março de 2005, quando o governo federal restringiu os voos em Pampulha para aeronaves turboélices com até 50 passageiros. Nesta mesma época, Aécio construiu uma duplicação da estrada que liga Confins a Belo Horizonte, atravessando três outros municípios (Lagoa Santa, Vespasiano e Santa Luzia).
Sem outra alternativa, as empresas aéreas tiveram que migrar para Confins. Entre 2004 e 2009, o trânsito de aeronaves no aeroporto, aí incluído tanto voos regulares como não regulares, passando por transporte de carga, passou de 7.724 no acumulado entre janeiro a agosto de 2004 para 51.097 no mesmo período neste ano - 560%. Mas nem todo esse crescimento pode ser atribuído ao esvaziamento do aeroporto de Pampulha: mesmo com a retirada dos voos de maior porte, o aeroporto dentro de Belo Horizonte ainda teve este ano um trânsito de 37.896 aeronaves. Em 2004, passaram por ele 50.887 aviões nos nove primeiros meses do ano.
A transferência compulsória dos voos para Confins impulsionou o movimento do aeroporto, sobretudo de frequências internacionais. Hoje, há oito voos, que somam 60 pousos e decolagens por semana. São feitas ligações de Belo Horizonte com Buenos Aires, Lisboa, Panamá, Paris e Miami. Na visão do governo mineiro, esses voos só se tornaram possíveis com o uso de Confins como conexão para frequências nacionais. Aécio usa esse argumento para combater a reabertura de Pampulha para aviões de porte maior. Este ano, o embarque e desembarque de passageiros internacionais atingiu quase 160 mil pessoas, mais do que o transportado nos quatro anos anteriores no mesmo período.
FONTE: Valor Econômico

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Setor de caminhão contrata e investe

O mercado de caminhões, que até o mês passado teve queda de quase 20% nas vendas ante o mesmo período de 2008, vive uma recuperação que deve reduzir as perdas à metade até o fim do ano. Depois da forte retração a partir do último trimestre de 2008, transportadoras e frotistas retomam encomendas e as montadoras voltam a contratar e a investir.
A Ford anunciou no fim de semana um programa de R$ 370 milhões para a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) para o período de 2010 a 2013. A Iveco acaba de apresentar uma família de caminhões totalmente desenvolvida no Brasil, a chamada família Vertis, que terá veículos médios.
No mês passado, a Mercedes-Benz iniciou a contratação de 1,3 mil trabalhadores no ABC paulista. A montadorainiciou o ano com previsão de queda de 25% nas vendas. Agora, já trabalha com recuo de 10% e aposta na recuperação em 2010. Até setembro, o mercado brasileiro adquiriu 74,5 mil caminhões, 19,6% a menos ante igual período de 2008. No segmento de ônibus, a queda foi de 18,4%.
"Todos os segmentos estão voltando a comprar caminhões, mas o grande impulso vem da indústria e do comércio", diz o vice-presidente de Vendas da Mercedes, Philipp Schiemer. "Também enxergamos que o pior já passou nas exportações." A empresa recebeu encomenda de 1.045 ônibus do Chile para entrega em 2010.
Executivos das empresas que participam do Salão Internacional do Transporte (Fenatran), aberto ao público ontem no Anhembi, em São Paulo, afirmam que o evento marca a virada do mercado e apostam em vendas entre 105 mil e 110 mil caminhões neste ano.
"As vendas no segundo semestre serão entre 15% e 16% maiores que no primeiro", diz o vice-presidente comercial da Iveco, Antonio Dadalti. Os negócios, diz, estão sendo impulsionados pelo consumo interno de diversos produtos e também pela melhora no programa de financiamento aos caminhoneiros. O programa, que reduziu os juros de 13,5% para 7% ao ano, está previsto para terminar em dezembro, mas já discutem com o governo sua prorrogação. No segmento de caminhões, o financiamento é mais importante que a redução do IPI, afirmam executivos.
Presente na abertura do salão, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse que a renovação da frota de caminhões só será possível com um programa efetivo de inspeção veicular e defendeu que veículos mais antigos paguem impostos mais caros, como forma de estímulo à compra de caminhões novos.
FONTE: O Estado de São Paulo

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Custo para instalar condomínios logísticos e galpões sobe no Brasil

O mercado de galpões industriais e condomínios logísticos tem despertado o interesse de diferentes tipos de investidores no Brasil - de famílias que venderam seus negócios em outras áreas, investidores imobiliários nacionais e estrangeiros até grandes nomes do setor, como a americana Hines, CCP, braço comercial da Cyrela, Bracor, WTorre e Racional. Por conta disso, o Brasil já é o país mais caro da América Latina em valores médios de aluguéis para galpões industriais de alto padrão.
Mundialmente, porém, esse tipo de investimento atinge níveis de preços mais elevados. Em levantamento mundial feito pela Colliers International o Brasil ocupa o 108º num ranking de 158 países.
Londres, na Inglaterra, é a primeira mais cara, com R$ 407,99 o m² por mês; seguida por Oslo, na Noruega (R$ 276); Genebra, na Suíça (R$ 266,21); Honolulu, nos Estados Unidos (R$ 252,53) e Dublin, na Irlanda (R$ 250,74). "Nessas localidades, o terreno é muito mais caro e há uma escassez enorme de áreas", afirma Eduardo Velloso, gerente do departamento industrial da Colliers. "Em muitos países, os centros de distribuição têm que ser verticais", acrescenta.
No Brasil, a escassa infraestrutura do país, o transporte ainda muito concentrado nas rodovias e as novas necessidades das empresas - que trocam espaços maiores e mais antigos por módulos onde podem dividir os custos dos serviços - garantem procura por esse tipo de empreendimento. "Nos últimos anos, passou a existir o mercado especulativo, onde primeiro se constrói para depois vender ou alugar", diz Velloso. A demanda está concentrada principalmente no setor de logística, mas também há procura por empresas de varejo, higiene pessoal e tecnologia etc.
De acordo com a pesquisa da Colliers, o Brasil, representado por São Paulo, tem um valor médio de aluguel de R$ 19,60 o m² por mês para galpões industriais de alto padrão. Em seguida, com R$ 17,85, está Bogotá, na Colômbia. De 2008 para cá, houve acréscimo de 13,4% nos preços. "Foi um dos mercados menos afetados pela crise", afirma.
Conforme a pesquisa, comprar um terreno bruto industrial de boa qualidade em São Paulo custa em média R$ 180,00 o m² e pode atingir R$ 600,00 na região de Alphaville. A maior oferta está no entorno do Rodoanel e nas rodovias Castelo Branco e Anhanguera.
Fonte: Valor Economico.

domingo, 25 de outubro de 2009

Governo planeja importar etanol para driblar preço alto

A alta nos preços do etanol, que podem chegar a atingir o patamar de R$ 1,90 o litro nos postos em dois meses e perder a competitividade em relação a gasolina, está pressionando as indústrias brasileiras a abrirem mercado ao produto importado. A possibilidade, que enfrenta resistência das usinas instaladas no País, já é analisada pelo governo que avalia a negociação como parte do processo de abertura do mercado mundial.
Durante Conferência Internacional da Datagro sobre Açúcar a Álcool, Manuel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), destacou que a depreciação do dólar frente ao real fez com que a comparação do produto brasileiro com o norte-americano na última semana chegasse a um patamar que viabiliza a importação.
Segundo Bertone, a iniciativa do Brasil em fomentar a produção em outros países para que seja criado um mercado mundial de etanol pode fazer com que o País seja chamado a mostrar que seu mercado também está aberto. "Pode ser que os norte-americanos queiram exportar etanol para a gente. Temos que ter uma política para isso e cabe a nós, governo federal, pesar isso", disse o secretário do Mapa para uma plateia formada por lideranças do setor. De acordo com Bertone, a provocação foi feita com o intuito de que a iniciativa privada comece a participar ativamente da criação de um marco regulatório. "O marco regulatório não é viável pela própria natureza. É necessário política pública e a parceria do setor", afirmou.
A chance de o Brasil vir a adquirir etanol no mercado externo tomou força após a consulta feita pela trading ADM sobre custos logísticos de se importar etanol dos Estados Unidos para o nordeste brasileiro. O álcool adquirido seria o anidro, utilizado na mistura com a gasolina. A rápida comercialização do produto, desde a entressafra, reduziu os estoques brasileiros e fez com que o avanço da safra resultasse numa escalada de preços.
Para o consultor Plínio Nastari, da Datagro Consultoria, será justamente a continuidade dessa alta que irá regular o mercado e dissolver a necessidade de o governo reduzir a mistura do anidro na gasolina. Segundo Nastari, o preço do etanol hidratado deve atingir R$ 1,90 por litro nos postos de combustíveis do Estado de São Paulo em cerca de dois meses. O valor apontado seria o limite para que o produto continue competitivo em relação à gasolina. "O consumo mensal de etanol no Brasil deverá cair de 1,45 bilhão de litros para 1,01 bilhão de litros com esta alta", avaliou Nastari.
O ajuste entre oferta e demanda deverá permitir que os estoques efetivos de etanol no final da safra 2009/2010 fiquem em 1,22 bilhão de litros, volume próximo a um mês de consumo. Ainda segundo o especialista, a partir do limite psicológico de R$ 1,90 o litro os preços devem iniciar um processo de desaceleração. " Abastecer o mercado é um ponto crítico para o mercado e ele vai honrar seus compromissos", disse.
A atual conjuntura de clima e demanda sinaliza que a escalada de preços deve continuar. Segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), esta é a sexta semana consecutiva de alta no estado de São Paulo. Os valores tanto do anidro quanto do hidratado são os maiores, em termos reais, desde abril de 2007. "A fundamentação dos aumentos está tanto na oferta quanto na demanda. Do lado da oferta, as chuvas frustraram a expectativa de produção. Mesmo que a colheita venha a se estender no final do ano, as perdas já estão consolidadas", avaliam os pesquisadores.
Na semana de 13 a 16 de outubro, o Indicador Cepea/Esalq do hidratado combustível (em São Paulo) foi de R$ 0,9340 o litro, livre de impostos, alta de 3,7% sobre o do período anterior. Para o etanol anidro (misturado à gasolina), o Indicador foi de R$ 1,0793 o litro, também sem impostos, o que equivale a um aumento de 1,73%.
O incremento dos preços na usina repercute na bomba. De acordo com levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pela primeira vez no ano, na última semana o uso do etanol hidratado deixou de ser vantajoso em relação a gasolina na maioria dos Estados brasileiros. Em 14 Estados o uso da gasolina compensou mais ao consumidor, enquanto o álcool ainda é aconselhável em 11 estados e no Distrito Federal, considerados os preços médios do combustível.

Fonte: NewsComex - Comércio Exterior e Logística