quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cenário insustentável para MT em 2020

Levantamento da consultoria Macrologística, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), projeta uma situação insustentável para 2020 caso não haja melhorias drásticas na infraestrutura de transporte mato-grossense. O resultado do estudo, publicado na revista Exame, mostra que as precárias condições logísticas do Estado roubam a competitividade conseguida pelos produtores no campo. Mais: a capacidade das estradas existentes já está saturada, o que faz com que a velocidade média dos caminhões seja muito menor que a recomendada, de 60 quilômetros por hora.
O estudo faz projeções alarmantes sobre a utilização da malha viária para até 2020. No trecho mais crítico, de Lucas do Rio Verde a Diamantino (214 km, na BR-163), o estudo aponta sobrecarga de 438% na rodovia. De Cuiabá a Rondonópolis, a sobrecarga é de 315% sobre o volume máximo de carga e, de Diamantino a Cuiabá, 293%.
Ainda de acordo com o levantamento, sem melhorias drásticas a economia de Mato Grosso não conseguirá atingir o potencial previsto de 26 milhões de toneladas de soja até 2020.
"Caso a infraestrutura logística não se adeque para atender a esta demanda, todo este crescimento pode ser comprometido fazendo com que o Estado e o país amarguem grandes prejuízos", alerta o diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Marcelo Duarte Monteiro.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Rui Ottoni Prado, sem uma logística adequada de transporte não se pode fazer em superprodução. Entre as ações necessárias para equacionar este problema ele menciona a construção e melhoria de rodovias no Estado - "temos de concluir imediatamente o asfaltamento da BR-163 (Cuiabá-Santarém)" - e investimentos em hidrovia e ferrovia, principalmente neste último modal, que pode reduzir em até 50% os custos do frete até os portos exportadores. "Temos de levar os trilhos à região de Lucas do Rio Verde, Campo Novo e Sapezal e reativarmos o projeto da hidrovia Teles Pires-Tapajós", defende.
Mapeamento - Com o objetivo de subsidiar a Federação das Indústrias no Estado (Fiemt) e a Aprosoja/MT, a Macrologística está desenvolvendo o projeto Norte Competitivo, visando mapear a situação dos estados que compõe a Amazônia Legal, entre eles Mato Grosso. A meta é reduzir em R$ 10 bilhões ao ano o custo de logística da Amazônia Legal, segundo Renato Pavan, presidente da consultoria Macrologística, contratada para fazer o estudo.
De acordo com o presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Fiemt, Luiz Garcia, o projeto vai avaliar as origens e os destinos de produtos que circulam por rodovias, ferrovias e hidrovias desses estados e calcular o volume de produção estimado para os próximos 20 anos. O trabalho abrange eixos como o pólo de Manaus, o agronegócio e a mineração, setores que movimentam cerca de 95% da economia da região.
A primeira etapa do estudo, de mapeamento das cadeias e identificação dos gargalos, deve ser finalizada em janeiro.
Movimento Pró-logística acompanha as ações
A Aprosoja/MT está desenvolvendo estudos que fomentam melhorias na logística, além de articular ações junto às esferas estadual e federal para viabilizar obras de impacto na economia do Estado. "No ano passado criamos o Movimento Pró-logística, que acompanha o andamento de todas as obras previstas ou em execução e trabalha para que outras obras de grande impacto sejam incluídas nos orçamentos e executadas", lembra Marcelo Monteiro. Um dos projetos contempla dados de frete, custos de produção e análise de gargalos e oportunidades.
Além do problema de logística de transporte, a falta de infraestrutura de armazenagem acaba ocasionando congestionamento de rotas e portos e, consequentemnte, a elevação dos custos.
Na avaliação do diretor da Aprosoja, o problema logístico é a principal barreira ao crescimento e desenvolvimento do Estado, "afetando diretamente a renda dos produtores e os custos de insumos, e ainda limita investimentos em diversas áreas da economia, agropecuária, indústria e turismo".
Para ele, a solução está na implantação de modais ferroviário e hidroviário e rotas voltadas para os portos do Norte, em Santarém e Vila do Conde, no Pará, São Luis (Maranhão) e Itacoatiara (Amazonas). Entre as rotas que precisam ser melhor exploradas, Monteiro destaca as BR-163, 158 e 242, a hidrovia Teles Pires, Juruena-Tapajós e Araguaia-Tocantins.
Ritmo e participação reduzidos em MT
As exportações do segmento do agronegócio de Mato Grosso acumulam, de janeiro a maio deste ano, vendas de US$ 3,70 bilhões. O volume é 4,75% acima do registrado em igual período do ano passado e mantém a receita estadual como a segunda maior do país, atrás apenas do registrado pelo estado de São Paulo.
Mesmo significativa, as exportações do segmento revelam que Mato Grosso está perdendo ritmo e reduzindo sua participação dentro do total nacional, como mostram os números divulgados ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Na análise dos números observa-se que entre os cinco maiores exportadores do segmento, Mato Grosso teve a menor expansão. O ranking desses cinco primeiros meses mostra São Paulo em primeiro lugar com vendas de US$ 6,43 bilhões e participação de 22,91% sobre o total nacional e expansão anual de 22,74%. Em segundo lugar está Mato Grosso com receita de US$ 3,70 bilhões, participação de 13,20% - no mesmo período do ano passado detinha 14,67% do total exportado pelo Brasil - e expansão de 4,75%. Em seguida está o Paraná com vendas de US$ 3,59 bilhões, 12,81% de participação e 8,57% de evolução anual. Em quarto lugar está o Rio Grande do Sul com receita de US$ 3,34 bilhões, participação de 11,91% e expansão anual de 10,47% e na quinta colocação está Minas Gerais com vendas de US$ 2,51 bilhões, participação de 8,96% e a maior expansão entre os cinco estados: 24,54%.
No ano passado, Mato Grosso encerrou o exercício 2009 na terceira colocação com volume total de negócios no segmento de US$ 8,36 bilhões e expansão anual (em relação ao total 2008) de 8,44%, sendo o único estado da federação entre os maiores exportadores a fechar o ano positivo. As vendas brasileiras do agronegócio encerram 2009 com queda de 9,82% em relação ao realizado no ano anterior refletindo as dificuldades dos consumidores internacionais em manter o nível de compras após a eclosão da crise mundial. Apesar de apresentar um ritmo menos frenético em relação às vendas de produtos do agronegócio, a séria histórica do Mapa mostra que de 1999 a 2009, ou seja nos últimos dez anos, a participação estadual neste segmento do comércio internacional passou de 3,58% para 12,92% no passado. Em cifras o volume dos negócios saltou de pouco mais de US$ 733 milhões para US$ 8,36 bilhões.
Como explicou na semana passada ao analisar as exportações mato-grossenses até maio, o presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, a redução das vendas de grãos, é uma mudança altamente positiva. "Quem dera pudéssemos esmagar aqui dentro do Estado toda a soja que produzimos, mais de 18 milhões de toneladas".
Segundo o dirigente, se os embarques de grãos de soja e milho reduzem isso quer dizer que mais volumes estão sendo processados no Estado, transformados em ração para aves, suínos e bovinos.
FONTE: Diário de Cuiabá - MT

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