domingo, 9 de maio de 2010

Em logística, momento favorável exige ainda mais planejamento

Um antigo ditado ensina que "é em dia de sol que se conserta o telhado". Este raciocínio deve ser lembrado pelos gestores das empresas de logística neste momento, pois uma das características de vários desses profissionais é, em momentos favoráveis, deixar o entusiasmo atropelar o planejamento e promover um crescimento desorganizado; que inevitavelmente resulta em perdas em longo prazo.
Um antigo ditado ensina que "é em dia de sol que se conserta o telhado". Este raciocínio deve ser lembrado pelos gestores das empresas de logística neste momento, pois uma das características de vários desses profissionais é, em momentos favoráveis, deixar o entusiasmo atropelar o planejamento e promover um crescimento desorganizado; que inevitavelmente resulta em perdas em longo prazo.
Todos concordam que o cenário atual é extremamente positivo e as perspectivas muito promissoras para a área. Tomar essa realidade como a oportunidade para soluções óbvias que pretendem resolver instantaneamente problemas acumulados durante os anos espinhosos, no entanto, é um erro.
Ao contrário, o momento deve servir para ajustes estruturais que resultem em uma operação sustentável e rentável por um longo período de tempo, sobretudo durante eventuais dificuldades no futuro. Os movimentos, agora, devem ser bem calculados.
O principal ativo adquirido pelos operadores logísticos nos últimos tempos foi o aumento de relevância dentro do processo produtivo e de comércio. Atualmente existe uma grande demanda por serviços especializados e esse cenário vai continuar por um grande período. Ao mesmo tempo, e em comparação, é pequena a oferta de empresas capazes de atender a essa procura.
Por isso, os operadores têm agora condições de negociar de maneira mais confortável as condições de relacionamento com clientes e fornecedores. Da mesma maneira, a partir de mais união e melhor organização, exigirem políticas públicas mais adequadas aos seus interesses.
Esta posição privilegiada, porém, não pode ser utilizada de maneira hostil. Não é inteligente nem sustentável, por exemplo, pressionar clientes e fornecedores exclusivamente para aumentar lucros. É justo, sim, sugerir uma recomposição das margens, historicamente desfavoráveis para os operadores logísticos, mas isso deve ser feito dentro da realidade, sem prejudicar a saúde financeira dos envolvidos ou azedar relacionamentos comerciais já estabelecidos.
A hora é de impor uma relação baseada em parceria, representada, principalmente, na divisão de riscos. A expansão da operação pode ser compartilhada com clientes, unificando estratégias e unindo esforços para os investimentos necessários. Da mesma maneira, as responsabilidades podem ser divididas no caso de ajustes necessários de acordo com as oscilações do negócio.
Outro fator positivo atual é a multiplicação das fontes de financiamento. Bancos e fundos de investimento perceberam a logística como uma área promissora e se dispuseram a colocar dinheiro no negócio. Embora essa seja uma excelente notícia, é necessário cautela. A relação entre liquidez e forte aumento de demanda pode levar a investimentos equivocados. Normalmente, a primeira iniciativa é aumentar frotas sem estudo pormenorizado da sua utilidade ou relação com os movimentos da economia. Invariavelmente, após algum tempo, a companhia enfrenta ociosidade ou se dá conta de que possui equipamentos inadequados para atender a demanda de mercado.
Sem dúvida é necessário expandir a capacidade operacional, mas isso não se dá apenas comprando caminhões pelo menor preço. Os investimentos devem ser precedidos de análise dos movimentos da economia, potencialidades dos atuais (e outros prováveis) clientes e, principalmente, da estratégia de negócios da empresa. O crescimento deve ser sustentado também por qualificação dos recursos humanos e modernização tecnológica.
Por fim, é importante que os empresários percebam que sua atividade, mais do que nunca, se tornou estratégica para o desenvolvimento do país. É de interesse público que o setor se torne mais eficiente e sustente o crescimento econômico. A partir disso, é possível sentar com o Governo para discutir avanços estruturais, principalmente em relação à tributação, oferta de crédito e modernização da infraestrutura.
O setor passa por um excelente momento. Com planejamento esmerado, os benefícios desse período poderão ser significativos e perenes. Por outro lado, sabemos que a união entre falta de inteligência e abundância de recursos e expectativas resulta em desastre. Infelizmente, apesar de todas as facilidades, ainda vai ter gente saindo da bonança pior do que entrou.
Antonio Wrobleski Filho é sócio da Awro Associados Logística e Participações. É engenheiro com pós-graduação em Finanças, MBA pela N.Y.U. e foi presidente da Ryder Logística.
awro@transportabrasil.com.br
FONTE: Artigo publicado originalmente no Portal Transporta Brasil

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