quarta-feira, 12 de maio de 2010

EcoRodovias investe em logística

Terceiro maior grupo de concessões rodoviárias do país, a EcoRodovias, de propriedade da empreiteira paranaense CR Almeida e do grupo de origem italiana Impreglio, vai realizar hoje sua primeira reunião com analistas na condição de empresa do novo mercado da Bovespa. Ela finalizou um lançamento inicial de ações que captou para seus cofres R$ 874 milhões, e que devem financiar um plano de investimentos de R$ 3 bilhões até 2012, com a meta ambiciosa de dobrar sua receita, de R$ 1 bilhão em 2009, em apenas três anos. Além de crescer, ela quer diversificar: dos investimentos um terço serão direcionados ao novo ramo do grupo, os serviços logísticos.
A empresa é conhecida pelo seu principal ativo, a concessão da rodovia dos Imigrantes, em São Paulo, e no início de 2009 assumiu a concessão da Ayrton Senna/Carvalho Pinto, uma das principais rodovias paulistas. O negócio ajudou a empresa a bater a marca dos R$ 1 bilhão de receita no ano passado, e foi o único lote arrematado pelo grupo em um pacote de 13 concessões do Estado de São Paulo e do governo federal leiloados entre os anos de 2007 e 2008.
Do novo plano de investimentos, apenas um terço deve ser dedicado a novas concessões. Segundo o presidente da EcoRodovias, Marcelino Rafart de Seras, o que foi apresentado aos investidores como orientação dos negócios da empresa foi a formação do que ele chama de "sistemas logísticos", para se beneficiar de sinergias com a operação das concessões. Aproveitando canais de exportação e importação, funcionariam como espécies de portos secos.
A empresa tem no momento dois grandes empreendimentos no ramo: os pátios de Cubatão e Imigrantes, no alto da Serra do Mar. Os dois querem captar a carga de contêineres que chega ou deixa o porto de Santos sobre caminhões com custo e eficácia superior à concorrência. Há mais cinco projetos semelhantes, associados a concessões do grupo: em Campinas (SP), outro no Vale do Paraíba, um entre Cascavel e Foz do Iguaçú (PR), no Rio Grande (RS) e outro em São Sebastião (SP).
"Cada um desses pátios tem potencial de receita equivalente ao de uma concessão, mas com taxa de retorno maior" diz Rafart. Tomando como referência as concessões do grupo isso significaria um faturamento ao redor de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões ao ano.
Outra possibilidade avaliada pelo grupo é a aquisição de terminais marítimos, em sociedade com operadores portuários ou armadores. A empresa andou avaliando negócios em Santos e, segundo seu presidente, está aberta para negócios em outros terminais de sua área de ação - incluindo Paranaguá, Rio Grande e mesmo São Sebastião, onde há um projeto bilionário do governo de São Paulo para construção de um grande terminal de contêineres.
Para o executivo, não há conflito entre a aposta no modal rodoviário da EcoRodovias e a aposta das concessionárias de ferrovias, e das autoridades portuárias, no modal ferroviário. No caso de Santos, tanto ALL Logística como a MRS têm projetos milionários para ampliar o transporte de carga conteinerizada sobre trilhos, hoje considerada irrelevante.
Sobretudo depois da construção do Rodoanel, diz, o transporte rodoviário para contêineres até Santos ficou imbatível, ao menos para curtas distâncias. Enquanto por ferrovia uma carga chega em até cinco dias ao porto nas condições atuais, por rodovia uma carga vinda de campinas é entregue em apenas duas horas - antes do Rodoanel, eram oito horas. E em um raio de 200 km ao redor do porto de Santos, região alvo dos pátios da EcoRodovias, estão concentrados nada menos do que 31% do PIB do Brasil. "Acredito que são modais complementares", diz Rafart.
Dos investimentos, R$ 1 bilhão ficarão para novas concessões - há grande interesse na duplicação da rodovia dos Tamoios, em São Paulo - e para aquisições de concessões de terceiros. Ficam reservados ainda R$ 1 bilhão para novos investimentos extra-contratuais nos ativos antigos, o que pode trazer à empresa extensão de prazo das concessões.
FONTE: Valor Econômico

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