terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ausência de logística adequada entre países

A logística de transporte - tanto marítimo quanto aéreo - é o principal entrave ao crescimento das relações comerciais entre os países de língua portuguesa, conforme admitiu o titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Miguel Jorge. " Estamos trabalhando muito para que possamos restabelecer a conectividade - porque já houve (a ligação). Mas, é uma questão que depende muito da iniciativa privada porque nós não vamos criar uma companhia marítima ou aérea do Estado para fazer essa conectividade", disse ele, após a abertura do V Encontro Empresarial de Negócios na Língua Portuguesa (V EENLP), que prossegue até hoje, no Centro de Convenções Edson Queiroz. De acordo com Miguel Jorge, hoje uma empresa brasileira com negócios na África leva em média dois meses para receber equipamentos e matérias primas. Com ligação marítima, este prazo poderia cair para sete dias. Ou sete horas, se houvesse rota aérea mais freqüente. "Temos tido muito contato com as empresas aéreas - tanto brasileiras quanto estrangeiras. Já têm algumas coisas acontecendo. Precisamos realmente resolver isso. Infelizmente, estamos fora das rotas principais. Temos que criar rotas próprias para os países africanos", comentou.
Embora as trocas multilaterais do Brasil com Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste tenham crescido 1.178% - de US$ 585 milhões, em 1999, para US$ 6,6 bilhões, em 2008 -, ainda estão aquém do potencial de um mercado que congrega mais de 260 milhões de pessoas em quatro continentes. No caso do Ceará, a posição geográfica é um ponto favorável para fazer dos países africanos que falam português uma plataforma de entrada na Europa. "Hoje, o Nordeste não dispõe de uma linha regular para a África", observou Rômulo Alexandre Soares, presidente do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil.
Para o ministro Miguel Jorge, o V EENLP aproxima os países em questão. "Nós já somos evidentemente muito próximos por razões históricas e culturais, mas há uma aproximação inclusive econômica. Nós temos relações comerciais bastante intensas com alguns países, como Portugal e Angola. O fato de estarmos todos os países reunidos é uma oportunidade importante para que nós possamos planejar ainda mais essa aproximação", disse. Ele lembrou que o presidente Lula, em quase sete anos de governo, já fez nove viagens aos países de língua portuguesa, sendo três vezes a Portugal. O trabalho do governo, definiu Jorge, é levar as empresas brasileiras para ampliar mercados. "E nós estamos levando agora, no fim de outubro, mais 100 empresas a dois países de língua portuguesa na África, para que elas vejam as oportunidades e trabalhem em cima delas. Não adianta nós imaginarmos que as empresas venderão tanto e que o país comprará tanto. As empresas é que tem de fazer isso. O governo apenas ajuda, facilita. Quanto menos atrapalhar, melhor", frisou.
Para o ministro, "esses contatos ajudam a fazer negócio. Com Angola, o negócio mais explorado é petróleo, por razões óbvias. Com os outros países, nós exportamos muito alimentos", comentou. Para o ministro, é importante ampliar a cooperação técnica entre a CPLP, tendo a Embrapa como principal agente. Poderiam ser desenvolvidas atividades multilaterais na área de agricultura, produção de biocombustível, biodiesel etc.
Fonte: canaldotransporte

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