terça-feira, 6 de setembro de 2011

O novo gigante do Porto de Santos

Em pouco mais de um ano, entrará em operação um novo gigante no Porto de Santos. Não se trata de nenhum supernavio com escala por aqui, mas de um novo terminal, um empreendimento privado de R$2,3 bilhões, que deverá aumentar substancialmente a capacidade operacional do complexo portuário na movimentação de contêineres e granéis líquidos.
O terminal da Embraport (ou simplesmente Terminal Embraport), na Margem Esquerda do Porto, na Área Continental de Santos, encontra-se em construção. Está sendo erguido em área particular, adquirida pela empresa. Não ocupa terrenos arrendados da União, como a grande maioria dos terminais do Porto.
Especificamente, o projeto está em fase de aterramento, estaqueamento e dragagem (de seu cais). São pelo menos três frentes, que trabalham para tornar viável a entrega do empreendimento em dezembro do ano que vem. A antecipação deste prazo, contudo, não está descartada. “Todo dia tentamos antecipar um dia”, define o gerente de Engenharia da Embraport, Wilson Lozano.
Longe dos olhos da maioria dos santistas, pois fica na quase despovoada Área Continental, ainda que à beira do estuário, o terreno hoje nada parece com um terminal portuário. A única associação possível são as 12 gruas que movem canos e peças de concreto de um lado ao outro. É que estes equipamentos se assemelham aos guindastes de pátio utilizados para operação de contêineres, mais conhecidos no meio portuário como RTGs.
Até o momento, cerca de 30% das obras do terminal foram concluídas, segundo a empresa, e exigiram investimento de R$ 350 milhões – ou 15% do aporte total previsto.
Os trabalhos são realizados pela Odebrecht Infraestrutura, contratada há pelo menos dois anos para o projeto. A firma venceu uma licitação para tocar a obra antes mesmo de se interessar pela compra de ações do empreendimento, iniciado pelo Grupo Coimex, à época o único controlador da Embraport.
Em outubro de 2009, a Odebrecht tornou-se sócia do Grupo Coimex no projeto, adquirindo 24,5% das ações da Embraport. Nessa oportunidade, a multinacional Dubai Ports World (DPW), dos Emirados Árabes Unidos, também entrou no negócio, comprando uma fatia de 26,9% da empresa. “A Dubai Ports tem mais de 50 terminais espalhados pelo mundo. Ela veio com o conhecimento sobre operação portuária e está ajudando na compra de tudo que se refere ao terminal, porque sabe o que funciona e o que não funciona”, explica Lozano.
O ingresso das duas companhias e do Fundo de Investimento do FGTS (em outubro de 2008) garantiu o aporte de recursos necessários para a obra, que custará o total de R$2,3 bilhões. O montante servirá não só para as obras físicas, mas também para a compra de equipamentos portuários e a contratação de mão de obra.
O investimento, inédito no Porto de Santos em um espaço tão curto de tempo, viabilizará um terminal privado capaz de movimentar anualmente 2 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), aumentando em 66% a capacidade operacional do complexo neste segmento.
A instalação também estará apta a operar 2 bilhões de litros de álcool por ano – o que representará um crescimento de 10% na capacidade portuária de Santos para movimentação do produto.

Canteiro de obras

O que se vê hoje no terreno do futuro terminal são operários e equipamentos trabalhando em um grande canteiro, com precisos 803 mil metros quadrados de área ainda a ser construída, o equivalente a mais de 100 campos de futebol como o do Estádio Urbano Caldeira, na Vila Belmiro, casa do Santos Futebol Clube.
A divisão administrativa da Embraport ocupará 200 mil metros quadrados. Outros 100 mil metros quadrados estão reservados para uso da ferrovia (possivelmente, um pátio de manobras). O restante será dividido principalmente entre cais, pátio para contêineres e tanques para armazenagem de álcool.
Nas últimas semanas, os operários fincaram as primeiras das 1.900 estacas que sustentarão o cais e um pátio de armazenagem, apenas em uma primeira fase.
Boa parte do terreno está em fase de aterramento, que deve se estender por prazo indeterminado. Sua beirada, na direção do Cais do Valongo, ainda avançará cerca de 150 metros em direção ao centro do canal de navegação.
O nível de dificuldade para aterramento é considerado grande devido às condições geológicas de Santos. Um aterro piloto chegou a ser feito para testes de capacidade. “É um desafio, mas já passamos pelo pior momento”, explica o gerente de Engenharia da Embraport, Wilson Lozano.
FONTE: A Tribuna - Santos

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