domingo, 5 de dezembro de 2010

Private equity tem US$ 17,8 bi para investir no País

Os fundos de private equity estão com o caixa reforçado para investir no Brasil: eles têm mais de US$ 17,8 bilhões para aplicar em empresas brasileiras de capital fechado. Procuram negócios em todos os setores, mas não escondem uma ’queda’ pelas áreas de energia, serviços financeiros, turismo e logística - os que mais receberam aportes em 2009.
Os investimentos da indústria de private equity já representam 2,3% do PIB brasileiro. Esses fundos compram participações em empresas e interferem no negócio, com a intenção de vender suas ações anos depois por um valor maior do que o inicialmente investido.
É uma aplicação de longo prazo: em 2009, atingiram um volume de US$ 36 bilhões comprometidos no País, entre recursos já aplicados e que estão à espera de boas oportunidades. Em países como EUA e Inglaterra, que já têm uma tradição nesse tipo de investimento, o porcentual do PIB gira em torno de 3,5%.
Os dados foram levantados pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital (Cepe), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para o segundo censo do setor, divulgado ontem. O estudo, encomendado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do governo federal, ouviu 144 gestores de fundos, de um total de 180 identificados. O raio x mostra que, em dezembro de 2009, essas instituições tinham 502 empresas brasileiras na sua carteira - a maioria delas de capital fechado.
Em 2009, os fundos locais e estrangeiros levantaram US$ 6,1 bilhões para aplicar no Brasil. Esse volume só perde para o de 2007 - ano mais produtivo para essa indústria no País.
A atividade de private equity só ganhou relevância no País na última década. Em 2004, os investimentos não passavam de US$ 4 bilhões - houve, portanto expansão de 800% desde então. ’Por ser um ano pós-crise, em que havia certa cautela em fazer investimentos, os números foram impressionantes’, disse o professor Cláudio Furtado, coordenador da pesquisa. ’Mostram que nos recuperamos com mais agilidade que outros mercados.’
Setores. No ano passado, o setor que mais recebeu recursos foi o de energia e petróleo: dos US$ 6,1 bilhões, 54% foram aplicados em empresas desse setor, principalmente em projetos de transmissão de eletricidade. Em 2008, o capital havia ficado mais concentrado em companhias de alimentos e bebidas.
’É um reflexo de que os fundos estão muito afinados com o movimento da nossa economia e mais uma prova de que precisávamos entendê-los’, disse Maria Luísa Leal, diretora da ABDI. Segundo ela, a agência sentiu necessidade de conhecer melhor a indústria de private equity, uma vez que esses investimentos são considerados uma fonte estratégica de financiamento.
O fechamento de negócios no segmento exige também o acesso a informações atualizadas. Sócio do fundo inglês Actis no Brasil, Patrick Ledoux relatou que, em 2008, quando o fundo estudava destinar US$ 3 bilhões para economias emergentes, ele tinha a função de ’vender’ as qualidades do País. ’Passei vergonha enorme diante de meus colegas chineses e indianos. Eu não tinha informações precisas sobre o mercado brasileiro, enquanto eles eram abastecidos com dados semanais.’

ESTÁGIOS DE INVESTIMENTO

Seed (capital semente)

Pequeno aporte feito em fase pré-operacional para desenvolvimento de uma ideia, de um projeto ou para testes de mercado ou registro de patentes

Startup

Aporte de capital para empresas em fase de estruturação, em geral no primeiro ano de funcionamento

Venture capital

Financiamento das empresas que já comercializam produtos ou serviços, mas que ainda se encontram em estágio inicial. Esses negócios geralmente têm até quatro anos de mercado e faturamento não superior a R$ 9 milhões.

Private equity

Aporte de capital para a expansão de empresa que já vende seus produtos/serviços comercialmente. O aporte também é destinado à expansão de planta e/ou rede de distribuição, capital de giro ou para ser investido em comunicação, marketing, etc.
FONTE: O Estado de São Paulo - SP

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