domingo, 22 de agosto de 2010

Greve objetiva

Greve curta, objetiva e que alcançou seu objetivo. Assim foi a paralisação dos caminhoneiros que transportam cargas para os terminais ferroviários da América Latina Logística (ALL) em Alto Araguaia e Alto Taquari.
A justa manifestação dos profissionais do transporte iniciada na segunda-feira causaria grande impacto à movimentação ferroviária caso se alongasse, resultaria em incalculáveis prejuízos financeiros e poderia inclusive criar embaraços no calendário nacional de exportação, porém, ontem, a direção da ALL e o comando de greve liderado pela Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado de Mato Grosso (Fettremat) fumaram o cachimbo da paz, com a empresa se comprometendo em atender as reivindicações dos profissionais, que basicamente dizem respeito à agilidade na descarga, melhoria da segurança, modernização dos terminais em Alto Araguaia e Alto Taquari, e redução do tempo de espera.
A greve manga curta dos profissionais do transporte somente aconteceu porque a ALL até então não demonstrava interesse em melhorar as condições de trabalho dos motoristas. É lamentável que uma empresa do porte da ALL e que explora em regime de concessão uma das mais importantes rotas ferroviárias de escoamento de commodities agrícolas no Brasil tenha que sofrer pressão como essa que acaba de acontecer.
Tomara que no prazo solicitado a ALL cumpra o compromisso assumido para evitar nova manifestação nesse sentido, que caso ocorra certamente será bem mais contundente. É preciso que a empresa e os transportadores trabalhem de maneira harmônica, sincronizada e norteada por relação que contemple as duas partes e que cobre direitos e deveres a ambas.
A Ferrovia Senador Vicente Vuolo operada pela ALL é estratégica ao Brasil e mais ainda ao povo mato-grossense, por ser a única matriz de transporte não-rodoviário que interliga Mato Grosso a um porto, que nesse caso é Santos. Anualmente a ALL aumenta o volume de grãos, farelo de soja, algodão e outras commodities embarcadas, e em sentido inverso transporta da Refinaria Planalto, em Paulínia (SP) praticamente todo o petróleo consumido pela frota mato-grossense.
Os motoristas tinham razão de sobra para a decretação da greve e o fizeram. Porém, tiveram sensibilidade suficiente para entenderem que o movimento não seria interessante a nenhuma das partes. Diante disso, prevaleceu o entendimento entre as partes, mesmo com a ALL pedindo prazo de quatro meses para atender exigências simples, como a desoneração da cobrança de uso dos banheiros nos pátios de descarga.
O exemplo da greve dos caminhoneiros que transportam para os trens da ALL deveria levar as lideranças do movimento grevista no Poder Judiciário estadual a refletirem sobre o movimento que conduzem e que mantém praticamente inativa há 105 dias a máquina judiciária com incalculáveis prejuízos aos operadores de Direito e ao povo mato-grossense indistintamente.
Tomara que no prazo solicitado a ALL cumpra o compromisso assumido para evitar nova manifestação
FONTE: Diário de Cuiabá

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