quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Produtores esperam que novo governo crie rotas para escoar produção

De cada dez toneladas de cargas transportadas no Brasil, pelo menos seis chegam até os destinos a bordo de caminhões. É isso que explica o intenso fluxo de veículos nas rodovias. Para a maioria dos produtores rurais, as estradas são hoje o único caminho para escoar a produção agrícola.
Enquanto não há uma diversificação maior dos modais de transporte de cargas no país é indispensável, segundo o setor, a manutenção e conservação das rodovias que cortam as principais regiões produtoras. Também é preciso ampliar a malha rodoviária, asfaltando, por exemplo, a BR-163 no trecho entre a divisa de Mato Grosso e Santarém no Pará.
- Geraria uma sobra de recursos para o produtor, uma margem de lucro, e tiraria a necessidade de o Estado trabalhar em cima de prêmios, que os produtores hoje precisam para produtos como o milho - diz o produtor rural Adelmo Zuanazzi.
Em Sinop há 25 anos, o produtor começou cultivando 70 hectares de soja. Atualmente, ele planta 4,5 mil hectares. Ele sonha com os benefícios que a pavimentação da estrada renderia. Com a conclusão desta obra, a produção de pelo menos 41 municípios de Mato Grosso não precisaria mais ser direcionada para os portos do sul. Como o destino seria o Pará, a distância cai quase pela metade. São mil quilômetros a menos.
- Na verdade, nós viemos para cá em cima de uma promessa pela região, pela característica que temos aqui, e acreditamos que ia se ter apoio, estrutura para se produzir aqui. Das promessas feitas, poucas foram cumpridas. Esperamos que elas comecem a sair do papel e se tornem realidade - diz Zuanazzi.
Um estudo do Movimento Pró-Logística, que é liderado pelos setores produtivo e industrial do Estado, avaliou as vantagens da implantação de outras duas rodovias, a BR 242 entre Sorriso e Ribeirão Cascalheira, e a BR 158 entre este município e a cidade de Marabá no Pará. A pesquisa mostra que a conexão entre estas rodovias é fundamental para o desenvolvimento agropecuário da região. Para os especialistas, os novos governantes devem estar cientes de que a busca pela diversificação dos modais de transporte deve começar pelas estradas.
- Os outros modais não vivem sem rodovias. Você precisa das vias para chegar nos pontos de transbordo. Ferrovia tem que ter poucos pontos no estado para carregar os trens. Não dá para parar muito. É importante que tenha malha rodoviária desenvolvida - diz o superintendente do Imea, Otávio Celidonio.
Os representantes da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) entendem que para melhorar a malha é preciso discutir o modelo de concessão rodoviária e revisar o valor dos pedágios. Aos transportadores cabe o compromisso de renovar a frota. A Confederação reconhece que foram feitos avanços nos últimos anos. Mas a expectativa é que os futuros condutores dos rumos do país não se acomodem com isso.
- A corrente de comércio do Brasil, entre importação e exportação, quase que triplicou nesses anos. É um volume absurdo a mais do que nós fazíamos. Então, se não fosse esse esforço "cavalar" que foi feito de melhoria das condições de portos, as melhorias de rodovias e de alguma maneira da ampliação da frota - que foi modesta, mas aconteceu - não tinha tido jeito de fazer, de dar conta desse crescimento. Só que ainda é preciso, não só corrigir distorções que ocorreram por conta disso, como preparar o país para o crescimento que continua acontecendo para a frente. Eu acho que esse conjunto de coisas: infra-estrutura, frota, melhor distribuição de carga entre as modalidades e a regulação - que isso é papel da Agência Nacional de Transportes -, eu acho que resume as preocupações do setor com relação ao próximo período. Tudo isso resulta em quê? Transporte melhor e mais barato. É isso que todo mundo quer, é possível fazer, desde que tenham as condições e elas sejam dadas - diz o diretor da CNT, Geraldo Vianna.
Transporte melhor, mais barato, mais eficiente. De norte a sul do Brasil o desejo dos produtores rurais é mesmo: que infraestrutura e logística sejam prioridades dos futuros governantes.
- Tem muitos desafios em outras áreas, geralmente citadas como prioritárias, como educação, saúde e segurança, que são as que estão sempre em destaque. Mas nada disso se resolverá se não houver crescimento econômico. Não haverá crescimento econômico sustentável se não houver um olhar mais competente para essa questão logística - diz o diretor da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Geraldo Vianna.
Alternativas economicamente viáveis e ambientalmente corretas fazem parte dos desafios dos próximos governantes. Os produtores rurais querem infraestrutura para escoar as safras por hidrovias e ferrovias. É o que você confere na terceira reportagem da série Eleições 2010, especial sobre os Desafios para o Agronegócio.
FONTE: Canal Rural

Um comentário:

  1. O NEPA está desenvolvendo para a Federação da Agricultura do Estado do Espírito santo (FAES), através de seu Conselho de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (COMARH), uma pesquisa voltada ao estudo da percepção ambietnal dos produtores rurais do ES.

    Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
    roosevelt@ebrnet.com.br

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