quarta-feira, 1 de junho de 2011

Risco ao trânsito: caminhões velhos transportam perigo ao Porto de Santos

O tráfego intenso de caminhões em direção ao Porto de Santos leva mais que cargas aos terminais. Provoca riscos ao trânsito dentro e fora da área portuária e a emissão de fumaça. O motivo é o estado de conservação de alguns veículos, que não passam pelas revisões necessárias e ainda sofrem com o peso da idade. Isso ocorre porque de cada três caminhões que circulam no Porto, pelo menos um tem mais de 30 anos de uso.
O caminhão mais velho do cais santista foi fabricado em 1954 e, com a mesma idade dele, existem mais 12.Todos ainda rodam pela Cidade e região.
Segundo o diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), Freddy Aurélio, existem6 mil caminhões registrados pelo Detran em Santos. Destes, apenas 2 mil são de empresas transportadoras e os 4 mil restantes são de autônomos. "A metade dos caminhões dos autônomos tem mais de 30 anos de uso",declara.
Os proprietários dos caminhões se defendem e apontam a falta de incentivos para a compra de novos veículos como o principal entrave para a renovação da frota.
O caminhoneiro autônomo Valmor Alonso Graça atua no Porto de Santos há 25 anos. Durante todo o tempo, seu caminhão, fabricado em 1964, o acompanhou. "Ele já está antigo, mas ainda é muito útil. Apesar de tudo, gostaria muito de um caminhão novo. Quem não queria?".
Questionado sobre as dificuldades de trafegar diariamente com um veículo de quase 50 anos, o motorista é taxativo. "A gente tem que trabalhar e quer trabalhar. O problema é que o governo não ajuda",pondera.
Valmor se refere às dificuldades para financiar veículos novos, às taxas de impostos e ao alto preço cobrado pelos fabricantes. Ele contou que o seu caminhão, apesar da idade avançada, tem todas as licenças necessárias para transportar contêineres de 20 e 40 pés cheios. "Na maioria das vezes, transporto cargas muito mais valiosas do que o próprio caminhão, que vale só R$ 15 mil".
Segundo o motorista, os veículos que transportam contêineres cheios são obrigados a passar por uma inspeção de segurança que analisa as condições de conservação e segurança,além dos documentos.
Nem tão conformado com o estado dos caminhões que trafegam no Porto, o motorista Leonardo Gomes não vê motivos para justificar as condições de alguns veículos.
Para o autônomo,além de colocarem em xeque a segurança de outros caminhões e motoristas, os veículos mais antigos são verdadeiros problemas de saúde pública. "Dirigir ao lado desses veículos é complicado, sem contar a fumaça tóxica na nossa cara todos os dias. É insalubre".
O caminhão de Gomes é relativamente novo, pois foi fabricado em 1999. "O tempo de vida útil de um caminhão é de cerca de 20 anos. Mas não dá para se basear nisso. As revisões devem ser constantes e a conservação,perfeita".
Financiamentos - O diretor do Sindicam, Freddy Aurélio, diz que o sindicato espera uma linha de crédito especial para os caminhoneiros que atuam no complexo santista.Para ele, é necessária uma união de esforços das autoridades para que a frota seja renovada.
Aurélio explicou que o valor médio de um caminhão novo gira em torno de R$ 150 mil. Segundo ele, por R$ 140 mil se compra um veículo simples, mas um caminhoneiro que trafega no Porto de Santos é obrigado a desembolsar pelo menos R$ 170 mil para adquirir um veículo que atenda a demanda.
"O governo precisa favorecer a troca e não atrapalhar o andamento dos serviços", declara o sindicalista.
Aurélio diz que pretende se reunir com a Prefeitura de Santos para viabilizar melhores condições de compra de novos veículos. Para ele, a medida seria lucrativa tanto para as administrações públicas, quanto para os caminhoneiros autônomos.
O motivo apontado é que os veículos com mais de 30 anos têm isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), cuja arrecadação é dividida entre estados e municípios. "Com mais veículos novos rodando, a arrecadação de impostos vai crescer. Eu não sei por que não viabilizam esses financiamentos".
O sindicalista diz considerar essa questão uma medida econômica, social e justa. "Tem os fatores da arrecadação de impostos, das condições de vida dos trabalhadores e da emissão de poluentes".
FONTE: A Tribuna - SP

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