quinta-feira, 9 de junho de 2011

Grandes supermercadistas se unem para diminuir custos

Enquanto a competição por espaço no setor supermercadista brasileiro segue alta com possíveis fusões e aquisições entre Grupo Pão de Açúcar e Carrefour, no segmento de logística a história fica um pouco diferente. De acordo com Adalberto Panzan, presidente da ADS Micrologística, para diminuir custos de logística grandes nomes do mercado já estão trabalhando juntos. "Recentemente, 2 grandes companhias de varejo, o Pão de Açúcar e o Walmart, descobriram que em longas distâncias seus caminhões iam cheios de produtos e voltavam vazios. Com isto, perdiam dinheiro e jogavam fumaça no ar inutilmente. Então, até por contratarem as mesmas transportadoras, elas passaram a compartilhar veículos em alguns trajetos", conta ele. "Economizaram mão de obra e gasolina e pouparam a natureza de viagens sem sentido de seus caminhões. Isto é sustentabilidade em logística", detalha Panzan. Assim, um dos fatores que acabam por conduzir a logística brasileira a uma maior eficácia é também o desejo de diminuir o impacto ecológico de suas operações.

Manaus

Ao contratar a 5A Consultoria (especializada em promover melhorias nos processos logísticos), a Amazon Transportes resolveu investir pesado. Dona de vários terminais portuários, ela queria que seu complexo no Porto de Manaus gerasse mais renda, tivesse menos custos e crescesse em capacidade - sem que fosse preciso ampliá-lo. O aporte da Amazon para tanto totalizou R$ 5 milhões. Destes, R$ 3 milhões foram para o desenvolvimento de novos sistemas e aplicações logísticas no local, R$ 1 milhão destinou-se à aquisição de infraestrutura de comunicação e processamento de dados e outro R$ 1 milhão foi para o pagamento pelo apoio da 5A, que coordenou e implantou todas as mudanças. Como resultado, a empresa vem obtendo (o projeto ainda não chegou ao fim) uma redução de custos, em suas operações em Manaus, de R$ 8 milhões ao ano. Ou seja: em 8 meses apenas já terá obtido o retorno de tudo o que gastou até agora. Daí para a frente, os ganhos que vierem serão lucro.
Eis um bom exemplo de como cada vez mais a otimização da logística ganha espaço nas organizações, em detrimento da mera expansão da capacidade instalada ou da demissão de pessoal visando a cortar gastos. Vivendo em um mundo de concorrência acirrada e margens de lucro apertadas, a ordem é fazer mais com menos - e fazer cada vez melhor.

Implementação

Aumentar a eficiência da logística de uma companhia não implica necessariamente, ao contrário do que pensam alguns, a aquisição de equipamentos de controle sofisticados e caros. O segredo do sucesso aí está, antes, no gerenciamento de processos. É o que ressalta Márcio Coelho, diretor executivo da 5A Consultoria: "A simples compra de tecnologia de ponta não garante a otimização das operações da empresa. Se não for acompanhada de uma implementação bem feita, ela serve no máximo para automatizar a confusão."
Quando a companhia onde Coelho trabalha foi chamada pela Amazon Transportes para atuar em suas instalações de Manaus, uma de suas primeiras providências foi analisar em minúcias os procedimentos que eram adotados ali. Resultado: logo de cara chegou-se à conclusão de que 14% das atividades desempenhadas no local eram desnecessárias. Ao eliminá-las, os ganhos já começaram a se fazer notar no balanço. "As restrições físicas do local [o Porto de Manaus não tem muito espaço para crescer] nos levaram a optar por fazer mais, com menos, ao invés de simplesmente expandir o complexo. E foi a decisão acertada", afirma Jorge Charret, controller da Amazon Transportes.
Outra medida da 5A foi mais radical: "Recomendamos que algumas operações feitas ali fossem levadas para outros locais, para que o terminal da Amazon pudesse se concentrar em sua atividade-fim - o transporte de contêineres. Foi melhor fazer isto do que construir galpões para acomodar trabalho estranho ao local", conta Coelho. Como consequência, houve novamente ganho de produtividade no terminal.
A transformação ainda não terminou, e novas conquistas são esperadas: o terminal em questão, por exemplo, fazia entre 17 e 18 deslocamentos de cada contêiner que passava por ele, e agora isto vem caindo - a meta é atingir uma média de duas remoções por contêiner em breve. Poupa-se, assim, dinheiro e combustível, beneficiando ainda o meio ambiente.
Presente também à XV Conferência Nacional de Logística, que se encerrou ontem em São Paulo, o diretor de Logística da fabricante de tênis Nike, Walter Gimenez, deu uma informação impressionante: "Neste momento, nósjá temos todo nosso planejamento em logística até 2016 pronto e acabado. Estamos trabalhando agora em um projeto que permitirá que tenhamos este mesmo planejamento pronto para o ano de 2020. Eficiência é preparar-se para o futuro, o que redunda em economia para a empresa", observa ele.
FONTE: DCI - SP

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