quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Problemas esperam o próximo governo

Infraestrutura. Esta é uma palavra que deverá causar muitas preocupações à equipe de governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Ao menos este foi o problema mais apontado pelos especialistas ouvidos pelo Portal Webtranspo, na lista de desafios para alavancar a economia brasileira nos próximos anos.
Para Luciano Rocha, presidente da Abepl (Associação Brasileira de Empresas e Profissionais de Logística), por exemplo, este é um ponto crucial. Segundo ele, "se não houver investimentos nesta área o Brasil não crescerá mais do que 5% no próximo ano, por uma questão física".
De acordo com o executivo, "a própria economia do País será a responsável pela limitação do avanço econômico nos próximos anos se o ritmo da indústria e do consumo continuarem acelerados".
A conta é simples. Quanto mais o Brasil gera emprego, mais o consumo cresce. Com o aumento nas vendas são mais produtos para serem transportados, sendo assim, cada dia se precisa mais de boa infraestrutura.
"O mercado de transporte e logística é altamente dependente da atividade econômica brasileira, ou seja, da renda e do emprego. Com o crescimento destes fatores, automaticamente, este nicho da economia se expandirá", esclarece Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
Ao que tudo indica, essa matemática deve continuar aquecendo a economia brasileira. Segundo números do BNDES, as classes C e D já superam a classe B em poder de consumo. Em 2002, a classe C tinha 21% de participação na massa de renda, e a D, 15%. Em 2010, elas passaram a ter, respectivamente, 31% e 28%. A classe B encolheu sua participação, no mesmo período, de 28% para 24%, e a classe A, de 30% para 16%.

Juros

Outro tendão de Aquiles do próximo governo poderá ser a taxa de juros. Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano. Nos anos 90, a taxa alcançou o índice de 45% e no início do atual governo permaneceu, por um bom tempo, acima de 20% anuais.
Ao olhar para o passado o atual nível é bom. Todavia, em relação ao resto do planeta, a taxa de juros brasileira ainda é alarmante. Juros altos são sinônimos de empréstimos mais caros às empresas e custo de produção mais elevado.
Sendo assim, é mais difícil exportar do Brasil do que de países como a África do Sul (6,5%), Índia (6%) e China (com juros de 2%), sem contar as grandes potências - Japão, Europa e Estados Unidos -, que hoje estão com juros próximos de zero.

Valorização do real

Além das questões de infraestrutura e juros altos, outro assunto que pode tirar o sono da futura presidente é o câmbio. Efeito da crise iniciada em 2008, a desvalorização do dólar e a consequente alta da moeda nacional, o real, deixa os produtos brasileiros caros, dificultando a venda no exterior.
Além disso, o dólar barato estimula o aumento nas importações, o que acarreta em uma competição desigual com os produtos locais. Com esse cenário, a indústria nacional investe menos, emprega menos e reduz a utilização da capacidade instalada.
Este problema fica ainda mais grave pois não depende exclusivamente das políticas econômicas brasileiras. O xis da questão está, sobretudo, nos Estados Unidos, que ainda não conseguiram superar a crise financeira.
Lá, o governo do presidente Barak Obama elevou a quantidade de dólares em circulação com o objetivo de aquecer a economia. Entretanto, esse excesso de dinheiro, diante das taxas reduzidas dos juros americanos, termina migrando, em parte, para centros que oferecem maior rentabilidade, como o Brasil, que oferece taxa básica de juros acima de 10% ao ano, uma das maiores do mundo.
Mas essa questão também pode ter um lado bom para o brasileiro. "A valorização do real é, em geral, benéfica para o setor de transporte, pois reduz custos de combustíveis e aumenta o fluxo de importações - demandando mais movimentações - e viagens ao exterior - impulsionando o mercado aéreo", conclui Gamboa.
FONTE: Webtranspo

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