sexta-feira, 20 de agosto de 2010

ALL se destaca em dia de mercado chocho

Em dia de mercado "de lado" e agenda econômica fraca, o investidor foi atrás de notícias que pudessem nortear suas apostas e de oportunidades em papéis relativamente mais baratos. Aproveitou também para embolsar lucros.
No fim das contas, enquanto o Ibovespa fechou com leve alta de 0,08%, a 67.638 pontos, ações de menor peso no índice foram destaque. O caso mais óbvio foi o da América Latina Logística (ALL). As units (recibos de ações) da empresa, que chegaram a subir quase 5% no meio do dia, fecharam com alta de 2,69%, cotadas a R$ 16,44.
A ALL anunciou ontem que foi liberada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) da obrigatoriedade de manter bloco de controle majoritário, regra válida para concessionárias do setor. Hoje, o grupo que controla a empresa tem 66,59% das ações ordinárias (ON, com voto), sendo o braço de participações do BNDES, a BNDESPar, o maior acionista, com uma fatia de 19,24%, segundo formulário de referência arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Com o fim da restrição, que limitava a captação de recursos no mercado de capitais, a ALL pode dar sequência aos planos de migrar para o Novo Mercado. Hoje, a ALL é listada no Nível 2.
O próximo passo, segundo a companhia, será a realização de uma assembleia especial para a conversão da totalidade de suas ações preferenciais (PN, sem voto) em ONs, assim como de assembleia geral extraordinária para discutir sobre o ingresso no Novo Mercado e preparar a reforma do estatuto, inclusive com a relação de troca dos papéis.
A analista de transportes e logística da Link Investimentos, Maria Tereza Azevedo, diz que está bastante otimista com a operação. Além de o sinal verde da ANTT ter vindo antes do que esperava, ela acredita que a relação de troca será igualitária para todos os acionistas da ALL. "Acredito que a migração para o Novo Mercado aconteça ainda neste ano", afirma.
No mercado, a expectativa é de que a relação de troca de PN por ON seja de 1 para 1. "Não há por que acreditar que a relação seja desfavorável, a empresa não está no Novo Mercado, mas tem uma governança muito boa, com 100% de ’tag along’ (prêmio de controle)", diz o gestor da Modal Asset Management, Eduardo Roche. A notícia já era esperada, mas, segundo ele, acabou servindo de catalisador para a alta dos papéis na bolsa num dia de mercado de lado.
A Fator Corretora, em relatório, destacou a notícia como positiva, uma vez que "torna a empresa mais atraente em termos de governança". Mas, do ponto de vista dos fundamentos, a indicação da corretora continua de "manutenção" para os papéis, com preço-alvo de R$ 19,00, um potencial de alta de 15,6%.
Já a Link tem recomendação de "outperform", ou seja, acima da média de mercado. Para dezembro, o preço-alvo para as units da ALL é de R$ 19,10, ganho potencial de 16,2%. Em relatório, a corretora destaca que está bastante otimista com o segundo semestre em função dos bons indicadores de safra agrícola, perspectiva positivas de exportação do país e recuperação do mercado argentino. O papel hoje está sendo negociado abaixo do múltiplo histórico e do prêmio justo estimado em 15% a 20% na comparação com pares internacionais, acrescenta a Link.
Ainda no índice, destaque positivo para Brasil Ecodiesel ON (+5,62%), Vivo PN (+5,06%) e Embraer ON (+5,01%). No caso da empresa de telefonia, Roche acredita em movimento técnico, puxado pela queda recente e por recomendações de algumas casas de análise. Já Embraer teria subido por rumores de uma nova encomenda de aeronaves. Na contramão, a realização pegou papéis PN da Petrobras, com queda de 2,19%, e da TAM, 3,27%. Alessandra Bellotto, repórter de Investimentos
FONTE: Valor Econômico

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