sábado, 29 de maio de 2010

Tudo o que vai... terá que voltar

Quando o produto apresenta problemas técnicos e precisa retornar do consumidor ao fabricante para reparos ou simples devolução, entra em cena a logística reversa.
A criação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos deve aquecer esta atividade, com uma legislação ambiental que cobrará maiores responsabilidades das empresas em relação ao ciclo de vida útil de seus produtos, a chamada destinação pós-consumo ou logística verde. Uma lei com esse fim já foi aprovada pela Câmara dos Deputados, mas ainda tem que ser submetida ao Senado para, então, chegar ao presidente da República.
Os números são enormes: o Brasil produz por ano 12 milhões de computadores, 80 milhões de telefones celulares e 20 bilhões – isso mesmo, 20 bilhões – de garrafas pet. “É preciso criar uma cadeia de logística reversa que envolva não apenas a coleta e o transporte, mas também empresas especializadas na reciclagem e, quando possível, no reaproveitamento destes produtos, além de investir na educação do usuário final”, diz o professor Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil e autor do livro “Logística Reversa, meio ambiente e competitividade” editado pela Pearson Education do Brasil (mais detalhes no site www.clrb.com.br).
Para ele, uma avenida de negócios se abre com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que impõe obrigações aos empresários, aos governos e aos cidadãos no gerenciamento no processo de recolhimento, desmontagem, reciclagem e destinação ambientalmente correta destes resíduos na fase pós-consumo.
Além disso, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes terão de colocar no mercado artigos recicláveis e que gerem a menor quantidade possível de resíduos sólidos.
A legislação, que tramita há 19 anos, faz referência especial aos agrotóxicos e óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes; produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
O problema é que, no retorno, o valor destes produtos despenca: “Um celular novo custa em média R$ 200, mas um quilo de celulares velhos não deve valer mais que R$ 1”, informa Ricardo Fógus, chefe do Departamento Comercial de Encomendas dos Correios, empresa líder da movimentação de logística reversa no Brasil, com 2,3 milhões de encomendas coletadas em 2009.
A saída, segundo ele, será prever, já no processo de fabricação, o uso de produtos facilmente recicláveis, estimular a criação de recicladoras por todo o país e embutir no preço de venda o custo do reaproveitamento: “No final, será o consumidor quem vai pagar a conta”.
A indústria de pneus já desenvolve um trabalho de logística verde por intermédio do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, que possui mais de 440 pontos de coleta pelo país e recolheu mais de 240 milhões de pneus desde 2007, quando foi lançada a Reciclanip, pela Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP). Após a coleta, o pneu é triturado e pode ser reaproveitado na forma de combustível alternativo para as indústrias de cimento, caldeiras ou ainda na fabricação de “asfalto ecológico”.
Fonte: Revista carga Pesada

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