domingo, 21 de fevereiro de 2010

Safra recorde inflaciona o preço dos fretes também no Paraná

A safra recorde de grãos inflacionou o valor dos fretes em todo o Paraná. Em algumas regiões, como a Oeste, que já está colhendo a safra de soja o valor pago pela tonelada saltou de R$ 30 para R$ 100, ou seja, 333% em apenas uma semana. Outro problema verificado é falta de caminhões disponíveis para embarques de feijão, madeira e adubo para as regiões Sudeste e Nordeste do país.
A pesquisa do IBGE revela que a produção de soja será recorde no Paraná, nesta safra de verão. Deverão ser colhidas 13,4 milhões de toneladas, volume 41% maior que no ano passado quando foram colhidas 9,5 milhões de toneladas no Estado. Além da produtividade maior, a área plantada com a cultura cresceu 8,5% este ano.
A expectativa dos transportadores é para o retorno de um velho problema no Porto de Paranaguá: as filas. O administrador da Associação dos Transportadores Autônomos de Marmeleiro (Atram), Glademir Stein, observa que com apenas 15 dias de colheita da soja na região de Cascavel e Ponta Grossa, no Paraná, e Mato Grosso formaram-se filas de 22 quilômetros no porto. Nos próximos 20 dias com o início da colheita da região Sudoeste-PR e de Santa Catarina a previsão é que as filas tripliquem.

Estadia

Os caminhões, por enquanto, esperam entre 5 e 6 horas para entrar no pátio e aguardam mais 20 horas para descarregar. "Até o momento não está sendo necessário pagar a estadia, quando o caminhoneiro aguarda por mais de 24 horas, e recebe R$ 0,25 por tonelada/hora." Quando o motorista tem que aguardar por um longo período, em torno de 5 a 6 dias, os sindicatos entram em negociação e este valor é reajustado para até R$ 0,70 tonelada/hora.
Stein destaca que a soja, a exemplo do milho, também terá uma safra recorde. "No ano passado foi verificada uma produtividade média de 60 sacas por alqueire, nesta já estão sendo colhidos 150 sacas/ alqueire." A Atram possui uma frota de 190 caminhões, 90% deles graneleiros, e que estão subindo bastante para Sorriso carregados com adubo e voltam com soja.

Filas

As empresas de agronegócio do Sudoeste que exportam soja ou milho pelo Porto de Paranaguá estão preocupadas com a formação de filas para descarregar as cargas. O gerente de transportes da Cooperativa de Capanema (Coagro), José Rosa, a orientação recebida é que as empresas só podem mandar caminhões carregados quando há o cadastro de liberação.
Em relação à notícia de que começaram as filas de caminhões na BR 277, em Paranaguá, José reconhece que existe a preocupação de que os motoristas possam ficar de dois a três dias parados à espera para deixar suas cargas. "O problema é que o motorista fica na margem da rodovia, sem banheiro, sem restaurante", observa.
O diretor financeiro da empresa Peron Ferrari, de Santo Antônio do Sudoeste, está preocupado com o aumento nos preços do frete. Se os caminhões começarem a ficar muitos dias na fila haverá uma diminuição na oferta dos veículos disponíveis para o transporte. Isso terá reflexo direto sobre o custo do frete. "Pela perspectiva de safra recorde e com as boas condições do tempo vai dar fila e falta de caminhões", prevê.
O aumento no preço do transporte acabará se refletindo sobre os preços pagos aos produtores, que serão menores.

Pedágio

Este ano os transportadores têm um motivo a mais para reclamar do pedágio. Até 2009, quando o caminhão bi-trem passava pela praça de pedágio vazio pagava apenas pelos quatro eixos abaixados. A partir deste ano estão sendo cobrados os três eixos que ficam erguidos também. "Teve um aumento considerado e de uma viagem de Santa Teresinha de Itaipu até o Porto de Paranaguá um caminhão gasta R$ 800.
Por semana, cada caminhão está gastando em média R$ 2.400, esse valor acaba sendo repassado para o produtor", explica Stein.

Falta de caminhões

Pedro Martinho Bordun trabalha há 27 anos com agenciamento de cargas e garante que nunca antes houve falta de caminhão como agora. Diversas cargas estão na fila de espera para São Paulo e Porto Velho. "O motivo, segundo ele, foi o aumento do preço do frete. Os transportadores não se interessam por viagens longas enquanto não passar o pico da safra agrícola no Paraná." Ele entende que esse aumento brusco no valor do frete, que na região Sudoeste, já chega a R$ 70 por tonelada, vai acabar sendo repassado para o produtor e o consumidor final.
FONTE: Radio Independencia

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