sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Em 2010, mais do que nunca exportar é o que importa

O Brasil precisa se aceitar. Alguns dos nossos dirigentes são negativos e não enxergam soluções e aumentam os problemas. Eles preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. No entanto, o melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão, como pequena é a abelha e produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa e traz crises. Em 2009 tivemos a pior recessão desde algumas décadas. Ora, se era algo que sabíamos pelo noticiário da crise financeira mundial cujo epicentro foi os Estados Unidos da América (EUA), não se imaginava que a “marolinha” pudesse provocar tamanho estrago. Tanto fez o governo, capitaneado pela equipe de Guido Mantega/Henrique Meirelles, que passamos de razoável a muito bem pelas ondas financeiras e econômicas que deram algumas voltas no mundo. Mas ano velho só serve para recordações e para que, ainda nele, se façam as promessas quanto ao ano que se inicia. Gastar menos para renovar o valor do superávit primário e pagar a astronômica dívida da União, em torno de R$ 1,4 trilhão, é o que interessa. Mas com o saco de bondades aberto ao longo do ano que termina, principalmente quanto à folha de pessoal, esperaremos até 2016 para que esse sonhado equilíbrio seja alcançado. No entanto, as exportações deverão atingir em torno de US$ 170,7 bilhões em 2010, com crescimento de 12% contra os US$ 152,4 bilhões projetados para 2009, de acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). As importações deverão aumentar 24%, por causa da taxa de câmbio e do crescimento interno, considerando uma elevação de 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Dessa forma, espera-se um superávit de US$ 12,2 bilhões na balança comercial. O resultado representará uma queda de 48,9% em relação ao saldo de US$ 23,9 bilhões estimado para 2009.
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, declarou que, com o aumento de 12% nas exportações e de 24% nas importações, o comércio exterior, em 2010, dará uma contribuição negativa para o crescimento do PIB. Ou seja, se não fosse o comércio exterior, o PIB poderia crescer mais ainda. José Augusto de Castro avaliou que o Brasil continuará dependendo das commodities, que são os produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior, porque, com a atual taxa de câmbio, os produtos manufaturados não têm competitividade no mercado externo. Como o Brasil depende 70% das cotações das commodities, se elas se comportarem como ocorre atualmente, o cenário será de superávit comercial. Mas, ao contrário, se for registrada queda nas cotações, em especial nos complexos de soja e de minérios, poderemos ter um déficit comercial. Existem interrogações quanto ao comércio exterior em 2010. Uma delas interessa ao Rio Grande do Sul e se refere à soja. Em 2010 devem coincidir três supersafras no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos. Até agora, os preços estão mantendo a média de 2009. A confirmação das três supersafras, entretanto, pode ter um efeito negativo para o Brasil. A segunda dúvida diz respeito ao aço, pois há um excedente de 500 milhões de toneladas no mundo. Até agora, não houve impacto nos preços. Mas caso ocorra, vai afetar minério de ferro, gusa, o próprio aço e semimanufaturados de aço, que têm grande peso na balança comercial brasileira. Alguns, não sem uma boa dose de razão, criticam o que julgam ser uma simplificação e exagero do noticiário apenas nos assuntos econômicos. Explica-se, em contrapartida, que se a economia vai bem, a política fica melhor, em linha, e não ao contrário, como muitos pensam.
Fonte: Jornal do Comércio/RS

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