sábado, 6 de agosto de 2011

Caminhoneiros burlam fiscalização em rodovias federais de São Paulo

A fraude foi denunciada pelo Jornal Nacional há quatro anos, mas ainda não foi banida das estradas. Na Via Dutra, os motoristas transferem a carga de caminhão para burlar as balanças que pesam as cargas.
Uma fraude denunciada no Jornal Nacional quatro anos atrás ainda não foi banida das estradas federais de São Paulo. A constatação é dos repórteres William Santos e César Galvão, depois de percorrerem 1,5 mil quilômetros
A balança no começo da Via Dutra não existe mais e os 390 mil caminhões que passam nela todo dia só vão ser pesados mais de 200 quilômetros adiante.
Um sensor divide o peso da carga pela quantidade de eixos do veículo. Se ele está levando mais do que o permitido, é multado e fica retido. Esta é a principal queixa dos motoristas: “Na firma a gente pesa o conjunto, na rua é eixo por eixo então às vezes a carga se locomove e você está pagando multa sem ter”, explica o caminhoneiro Nestor Jordão.
“Tinha que ser 25 toneladas, então que coubesse 25 toneladas no caminhão inteiro”, critica o caminhoneiro Angelo Rodrigues.
Um caminhão foi barrado na balança de Queluz, divisa com o Rio de Janeiro. Para ser liberado, ele transfere as placas de madeira para outro caminhão e tem sinal verde para seguir. O que recebeu parte da carga também sai. Três quilômetros à frente, a carga volta para o que estava acima do peso.
Em 2007, o Jornal Nacional mostrou pela primeira vez a mesma transferência irregular de cargas. Se passaram quatro anos e a fraude continua sendo feita do mesmo jeito e no mesmo lugar, às margens da Via Dutra.
Sinal vermelho para uma carreta carregada com bobinas de alumínio. Ela transfere parte da carga para o caminhão menor e volta para a estrada. Na saída, há um posto da Polícia Rodoviária Federal. Logo adiante recebe de volta as bobinas.
Sem saber que estava sendo gravado, o motorista admite que pagou pelo serviço: “Eles cobraram R$ 500. Eu chorei e ele cobrou R$ 350 para fazer a rota”, afirma.
Na Fernão Dias há trechos de asfalto desgastados pelo peso de 85 mil caminhões que circulam diariamente. Entre São Paulo e Belo Horizonte são 562 quilômetros. O volume de caminhões que fazem esse trajeto diariamente é grande, mas a rodovia Fernão Dias não tem nenhuma balança pra fiscalizar o excesso de cargas, algo que põe a vida dos motoristas em riscos e compromete a vida útil da estrada.
Na Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao sul do país, duas balanças controlam os veículos pesados, que respondem por 70% do tráfego. Uma delas nem sempre funciona. Na outra, a fiscalização também é enganada.
O caminhão baú, barrado, passa parte da carga para outro veículo da mesma transportadora. A viagem recomeça, mas no primeiro posto a carga volta para o caminhão que estava irregular e é carregado que ele recomeça a viagem, levando mais peso do que deveria transportar.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres informou que fiscaliza os caminhões com excesso de peso apenas dentro da área das balanças. A Polícia Rodoviária Federal explica que, onde há balanças, presta assessoria e que atua nas estradas para evitar o desvio e a fuga de veículos que seriam obrigados a fazer a pesagem.
FONTE: Portal G1

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