segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A logística quase sem o rodoviário, por Ana Sofia Almeida Amarante

A logística é a administração e operacionalização de atividades que interrelacionam produtores, fornecedores, clientes, prestadores e tomadores de serviços. É a logística que, ao fazer uso de infraestrutura, meios de transporte, profissionais, tecnologias e modais de transporte, possibilita a distribuição de insumos de produção e de prestação de serviços para a geração de bens e serviços. Esses bens e serviços, em um segundo momento, são entregues aos clientes em diferentes destinos e em diferentes instantes. Por isso, a logística é uma ação integrada de diversas ferramentas, diversos atores e diversas finalidades.
A multidisciplinaridade e a multidimensionalidade da logística exige responsabilidade socioambiental, política e econômica de cada um dos atores interrelacionados, com o objetivo de realizar práticas sociais e produtivas para satisfazer necessidades. Por isso, os governos (municipal, estadual e federal) devem desenvolver as suas atividades relacionadas à construção e manuteção de infraestrutura de transportes (meios e vias) de forma responsável, porque somente assim os empresários podem cuidar das suas atividades específicas de produção. E, somente assim, a logística se efetiva e os consumidores terão suas necessidades satisfeitas e qualidade de vida mais elevado.
Os cuidados com a infraestrutura, responsabilidades dos governos, subordinam-se às condições geográficas (hidrografia, relevo, distância dos grandes centros produtores e consumidores), modais de transportes disponíveis (aéreo, marítimo, rodoviário, ferroviário, fluvial), vias de transporte (estradas, hidrovias, ferrovias) e construções físicas (portos marítimos, aeroportos, portos fluviais, armazéns, postos de distribuição); essas responsabilidades podem ser assumidas com parcerias público-privadas e outras soluções adequadas a casos específicos.
Independentemente das diferenças e das condições de cada lugar, a logística necessita de planejamento e estratégias pensadas antecipadamente para evitar os tão comentados apagões logísticos. A velocidade das comunicações e o aumento constante das necessidades das empresas e das pessoas não dão chance a logística do cometimento de erros, da falta de planejamento. As variáveis envolvidas em qualquer processo de produção, consumo e distribuição de bens e serviços precisam ser conhecidas ou imaginadas previamente pelos atores em questão, de modo a interligar ações e não interroper o funcionamento de cadeias produtivas, sob pena de comprometer a satisfação dos consumidores nos locais, momentos e condições exigidos.
Nos locais onde há escassez de estradas, e porisso o modal rodoviário tem pouca expressividade, a logística deve especializar-se nos modais aéreo e fluvial. A infraestrutura desses dois modais, além de ser planejada e estruturada conforme as necessidades de clientes e produtores. A estrutura de portos e aeroportos, por exemplo, pode ser construída de acordo com a classe de carga a utilizar tal estrutura. Portos fluviais de grande porte tendem a ter seus pisos construídos com materiais que suportem grande quantidade de peso, em decorrência do uso de equipamentos pesados e grande volume de cargas a ser transportado em determinadas áreas do porto. Da mesma forma, os armazéns de cargas desses portos devem ser adequadamente construídos de acordo com os tipos de cargas e a periodicidade de armazenamento das mesmas.
Em relação ao modal aéreo, a estrutura dos aeroportos dos locais onde há escassez do modal rodoviário representa espaço estratégico e político, porque é por ele que passa a maioria dos insumos (importados e exportados) e a maioria dos produtos (importados e exportados). Quando a estrutura aeroportuária é adequada ao volume de carga transportado, revela-se a excelência da administração pública e privada do local e, principalmente, a responsabilidade diante das funções sociais, ambientais e econômicas da logística.
Finalmene, verifica-se a necessidade de planejamento estratégico, pessoas habilidadas e tecnologias da informação para a gestão logística que proporciona melhor qualidade de vida, independentemente das distâncias entre produtores e grandes centros consumidores. Sem a eficiência dos canais de distribuição logística e sem a eficácia do atendimento a clientes e a produtores, a logística perde as suas finalidades e acelera o subdesenvolvimento da localidade e do país.
FONTE: Portal Administradores

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