quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os CINCO pecados capitais na gestão da cadeia logística, por Marco Antonio Oliveira Neves*

Imagine coisas que você, como profissional da área de logística, deve evitar ao longo de sua carreira. Pense em erros cruciais que poderão comprometer os resultados da sua empresa e colocar em dúvida a sua capacidade e eficácia.
É claro que existem mais do que apenas cinco falhas de gestão, mas vamos listar aquelas, que a meu ver, produzem maiores efeitos negativos sobre a área de logística.

1) Desconhecer totalmente ou conhecer parcialmente os seus custos operacionais.

2) Não utilizar indicadores de desempenho na gestão do dia-a-dia

3) Não ouvir a voz do Cliente

4) Afastar-se do dia-a-dia da operação

5) Dificuldades no relacionamento com Fornecedores e Clientes internos

1. Desconhecer totalmente ou conhecer apenas parcialmente os seus custos operacionais

Esta é sem dúvida, uma das maiores deficiências na gestão da cadeia logística. Desconhecer os itens de custo e a forma de custeio da operação nos levará à tomada de decisões incorretas, muitas vezes cruciais para a manutenção da competitividade do negócio. A falta de uma visão aprofundada dos custos logísticos leva os Gerentes de Logística a errar na decisão de terceirizar ou não as atividades logísticas, interferem na escolha de uma solução tecnológica, na compra ou aluguel de empilhadeiras, na ampliação ou não de turnos operacionais em armazéns, na definição de uma sistemática de separação de pedidos, etc.
Isso também ocorre com Operadores Logísticos e Transportadores. Na maioria dos casos, existem falhas na composição dos custos e nos critérios de rateio adotados. Um caso típico é o da depreciação de veículos. Que valor residual utilizar? Com qual período de vida útil trabalhar?

2. Não utilizar indicadores de desempenho na gestão do dia-a-dia

A utilização de indicadores de desempenho ou de métricas ordinárias é condição essencial para a correta tomada de decisão, tanto no nível estratégico e tático, quanto no nível operacional.
A gestão através de indicadores de desempenho é o ponto de partida para uma empresa obter performance best-in-class. O que não é medido, não é gerenciado; o que não é gerenciado, não pode ser melhorado! Se não posso manter um constante processo de melhorias, em breve deixarei de existir!
Pode parecer que não, mas a maioria dos gerentes de logística não utilizam indicadores de desempenho em seu dia-a-dia. Alegam que é trabalhoso e caro obtê-los e que não dispõem de uma abordagem efetiva para reverter os desvios. Isso cria o ciclo "vicioso": como é difícil e custoso medir, então não medimos e acostumamos a gerenciar a rotina diária sem a utilização de indicadores de desempenho.
Outros pecam por excesso, e utilizam dezenas de indicadores. A questão fundamental é: será possível adotar medidas corretivas e preventivas para todos os indicadores mensurados ou teremos que priorizar alguns deles?

3. Não ouvir a voz do Cliente

Como ser verdadeiramente eficaz se não ouvimos a voz do Cliente?

Como pode um Gerente de Logística e sua equipe terem um desempenho superior sem estar permanentemente conectado com o maior interessado nos resultados produzidos através de uma bem sucedida gestão da cadeia de abastecimento?
Fala-se muito em valor agregado. Questione: o que você faz, dentro do seu escopo de atuação, atende ou supera as necessidades e expectativas de seus Clientes? A propósito, você conhece a fundo os direcionadores chave do nível de satisfação dos seus Clientes?
Em muitos casos os profissionais da área de logística atuam como "bombeiros" e tomam conhecimento dos problemas existentes através da área de Vendas ou Serviço ao Cliente, ou seja, "tarde demais".
Organize-se internamente para dispor de mais tempo para estar presente em seus Clientes. Estando em campo, você poderá se antecipar a possíveis problemas futuros.
Por mais que tenhamos avançado nos meios de comunicação à distância, nada substitui a visita pessoal.



4. Afastar-se do dia-a-dia da operação



É notório que evoluímos nas ferramentas de gestão e é também é visível que avançamos na tecnologia da informação aplicada à logística. Porém, mesmo com todo esse glamour, a logística é e sempre será uma função que exigirá "mão na massa" e envolvimento direto com o chão-de-fábrica (ou armazém).
Por mais que tudo esteja disponível em seu computador ou em relatórios diários impressos, é muito importante "ver para crer" e estar presente nas operações, junto da sua equipe.
A logística é muito pouco efetiva no sentido top-down (de cima para baixo). Ditar regras e esperar que as pessoas cumpram não funciona muito bem na área de logística. Movimentos bottom-up (de baixo para cima) são mais efetivos e produzem rápidos resultados. Se você não está presente, como poderá viabilizar as boas idéias originadas na operação?
Tenha o hábito de circular pelo menos duas vezes por dia na operação. Pare para conversar com seu pessoal. Ouça as sugestões e dê encaminhamento interno às melhores idéias. Estimule sua equipe a pensar e a agir!

5. Dificuldades de relacionamento com Clientes e Fornecedores internos

A área de logística surgiu nos anos 90 a partir da necessidade de integrar diferentes departamentos, como PCP, Transportes, Administração de Estoques, Faturamento e Movimentação e Armazenagem de Materiais.
Integração é a palavra-chave. Na visão mais ampla, de Supply Chain, tratamos da integração entre as empresas, entre os diferentes elos da cadeia de abastecimento. Nesse caso rompemos as fronteiras entre empresas, e trabalhamos como se Fornecedores primários e secundários, Fabricantes, Canais de Distribuição e Clientes funcionassem como uma única empresa.
Infelizmente, muitos profissionais de Logística sequer superaram o primeiro obstáculo, de eliminar as barreiras interdepartamentais, e têm dificuldades em lidar com os demais departamentos internos da empresa, como Compras, Vendas, Marketing, Produção, etc.
Ao invés de assumirem uma postura colaborativa, isolam-se em verdadeiros "feudos", e passam a adotar um comportamento defensivo, contra-atacando nas situações em que comprovadamente a logística é vítima e não réu.
Profissionais de logística precisam saber lidar com situações complexas e adversas, naquelas em que assumem o papel de clientes internos como naquelas que atuam como Fornecedores. Como área de apoio à Produção (na logística inbound) ou como área de suporte a Vendas (na logística outbound), a área de Logística será co-responsabilizada pelos problemas ocorridos. O que fazer, se defender continuamente ou buscar uma solução conjunta?

É melhor ter livre trânsito em vários departamentos ou ser tratado como um alienígena?


* Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda.
FONTE: O autor

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